Humberto: “Não pense que os que hoje saem organizados para pedir Fora Dilma vão às ruas para dizer Fica Temer para defendê-loO líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE) chamou o PMDB à responsabilidade. Em discurso ao plenário, nesta segunda-feira (28), lembrou às principais lideranças do partido o que alguns oportunistas parecem ter esquecido: o PMDB é governo porque o vice-presidente, Michel Temer, é filiado à legenda e foi eleito exatamente na chapa que agora pretendem apear do poder.
“É algo que faz parte da esquizofrenia do sistema político brasileiro, que este Congresso se recusa a reformar: um partido que é governo – porque tem o vice-presidente da República eleito na chapa vitoriosa de 2010 e de 2014 – organiza uma convenção para decidir se fica ou se sai do governo, algo impensável em qualquer sistema presidencialista sério do mundo”, ironizou Humberto.
Para o senador, a decisão de romper com o governo a que está irremediavelmente ligado é “um suicídio político que pode jogar o País no caos da instabilidade jurídica e institucional. Afinal, lembrou, as pessoas que estão nas ruas para pedir Fora Dilma movidos por um ódio irracional ao PT não se mobilizarão para pedir Fica Temer”. “Depois de arrancarem, com um golpe constitucional, a presidenta da cadeira que ela conquistou pelo voto popular, essa gente vai para casa porque estará cumprida a sua vingança e porque não lhe tem apreço algum. E, seguramente, Vossa Excelência será o próximo a cair”, profetizou.
No caso de solaparem o governo de uma presidenta legitimamente eleita e sobre a qual não pesa nenhuma acusação, serão os movimentos sociais e todos os que defendem a democracia os que tomarão as ruas para mostrar que o golpe não será aceito sem luta. “Vamos seguir ocupando o Brasil inteiro, de Norte a Sul, para denunciar a ruptura da ordem democrática e dizer que não aceitamos qualquer tipo de golpe, seja ele por meio de armas e tanques, seja por um acordão político que submeta a Constituição aos caprichos eleitorais e às ambições desmedidas de alguns poucos”, assegurou o líder.
Conhecido por sua capacidade de articulação, Humberto disse estar certo de que Michel Temer não manchará sua biografia fazendo parte de uma “conspiração para destruir a chapa pela qual se elegeu, ao trabalhar para derrubar sua titular”, disse. Para o senador, o momento é de construir consensos a partir do que estabelece e exige a Constituição Federal.
Ele ainda apelou para o bom-senso dos peemedebistas: “Abram mão do golpe, abdiquem do autoritarismo e entendam que o Brasil não é mais a senzala que vocês comandaram por séculos. Respeitem a democracia”.
E, aos que insistem no golpe contra um governo democraticamente eleito, garantiu que eles não passarão. ”Não vão conseguir deixar o País de joelhos como fizeram em 64, quando foram para a rua derrubar um governo legítimo e meteram o Brasil em 21 anos de uma ditadura militar que só caiu quando as elites já tinham se locupletado o quanto pôde e os filhos da classe média começaram a figurar entre os torturados, mortos e desaparecidos”.
A necessidade de resolver pela força – seja por meio de armas e tanques, seja por uma jogada política golpista – não passará sem a resistência de quem defende e sempre defendeu a democracia. “Se tivermos que cair, todos cairemos de pé, de cabeça erguida e não abandonaremos a rua até que essa humilhação que querem impor ao País seja democraticamente resolvida”, destacou Humberto.
Sobre as manifestações, Humberto reforçou a importância de aqueles que defendem o regime democrático ocuparem as ruas na próxima quinta-feira (31), data em que se completam 52 anos do golpe de 1964. “É hora de dar fim a essa mentalidade tacanha que permeia este País por mais de 500 anos, a mentalidade de querer resolver diferenças na marra sempre que caprichos são contrariados”, enfatizou.
Giselle Chassot
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