Paim: “É inegável que muito mais pessoas neste País estão na universidade. Aumentamos em dez vezes o número de universitários. É inegável que tiramos da miséria absoluta quase 35 milhões de pessoas”O senador Paulo Paim (PT-RS) manifestou convicção de que o processo de impeachment contra a presidenta Dilma será rejeitado já na Câmara dos Deputados e que logo o País poderá seguir adiante na construção de saídas para a dificuldades econômicas. “Estou louco para que termine logo essa história de impeachment para cá, impeachment para lá, de uma vez por todas”, afirmou o senador em pronunciamento ao plenário, nesta sexta-feira (1º). “E depois vamos fazer o que é preciso para resolver a crise”.
Paim está esperançoso de que a partir de maio — “mês do trabalhador”, como fez questão de destacar — o Congresso volte a trabalhar nas pautas que realmente contam, “apontando caminhos, discutindo com o Executivo, com a sociedade organizada” as alternativas para a retomada do crescimento econômico. Ele defendeu, por exemplo, a redução das taxas de juros e outras medidas voltadas para reaquecer o mercado interno.
“Como sempre dizia o presidente Lula, apostemos no nosso mercado interno. São 210 milhões de pessoas que deram certo, que têm poder de compra e, consequentemente, consomem. Alguém produz e alguém vende. Enfim, é a roda da economia”. Esse círculo, destaca o senador, assegura também o aumento da arrecadação de impostos e os recursos para os nossos os programas sociais.
Paim não crê que o impeachment sequer chegue ao Senado, apostando que essa tentativa de derrubar uma presidenta legitimamente eleita seja derrotada na Câmara. Ele destacou as manifestações realizadas na última quinta-feira (31) em todo o Brasil. “Milhares de pessoas, em todos os estados, fizeram manifestações em defesa da democracia, demonstrando, como já falaram diversos juristas, que não há embasamento legal para a proposta de impeachment”.
O senador reafirmou a legitimidade de todas as manifestações e cumprimentou “a todos que se mobilizam e que demonstram, nas ruas, a sua posição em relação à situação econômica, social, política e ética que hoje nós debatemos no País”. As mobilizações, ressalta Paim, contribuem para nortear as decisões do Legislativo. “Ajudam ao Congresso Nacional a voltar a pisar neste chão aqui, que é o coração da democracia, com um olhar voltado para os interesses da população”.
O que está em jogo, destacou ele, não é simplesmente um mandato, mas todo um projeto que alterou radicalmente a cara do Brasil. Paim, que está há 30 anos no Parlamento, inicialmente como deputado, lembrou o tempo em que chegou a fazer greves de fome tentando convencer governos e colegas de Legislativo a aprovar aumentos do salário mínimo. “Eu fazia greve de fome em legislaturas passadas para que o salário mínimo chegasse a US$100. Hoje, já ultrapassou US$300”.
“É inegável que muito mais pessoas neste País estão na universidade. Aumentamos em dez vezes o número de universitários. É inegável que tiramos da miséria absoluta quase 35 milhões de pessoas”. O senador ressaltou que é esse projeto de inclusão que precisa ser preservado. “Eu sonhava um dia chegar numa universidade e ver brancos, negros e índios na universidade, e a cor que eu via nas universidades era só uma”, recordou citando a época anterior às cotas aprovadas a partir dos governos petistas.
“Diziam que haveria preconceito e que os alunos brancos não aceitariam os meninos e meninas que viriam das cotas e muitos da favela. Enganaram-se, quebraram a cara. Não há problema nenhum na universidade. A nossa juventude não é preconceituosa e, por isso, ela está integrada nas universidades. O projeto das cotas foi muito bem encaminhado pelo presidente Lula e, depois, pela presidenta Dilma”.
Embora a crise política esteja prejudicando a economia, apontou Paim, não se pode esquecer que foram os governos Lula e Dilma que geraram 20 milhões de empregos. “Agora estamos atravessando uma crise e que pessoas estão ficando desempregadas. Por isso, precisamos debater da retomada do emprego, a retomada da discussão dos nossos investimentos principalmente nos planos sociais. É isso que queremos discutir. Bom, enquanto ficar impeachment para cá, impeachment para lá não se discute nada”.
O que não é possível, destacou o senador, é que os perdedores das eleições de 2014 insistirem no terceiro turno, “esse debate infernal que não termina. Parece que as eleições de 2014 continuam. Sei que muitos não gostam de dizer isso, mas é verdade. Parece que o debate ainda é de quem vai assumir o poder amanhã. Vamos voltar a trabalhar na expectativa muito grande que o povo brasileiro tem do nosso trabalho aqui, no Congresso Nacional”, conclamou.