Imprensa internacional destaca plano para a infraestrutura

Os dois mais influentes jornais dos EUA e o progressista Página 12, de Buenos Aires, repercutem o anúncio do programa para ferrovias e rodovias.

O Programa de Investimentos em Logística (PIL), anunciado na última quarta-feira (15/08) pela presidenta Dilma Rousseff, ganhou destaque da imprensa internacional, que chamou a atenção os investimentos de cerca de US$ 66 bilhões, para a ampliação e recuperação das malhas rodoviária e ferroviária do País. Dos dois jornais mais influentes dos EUA – The Washington Post e The New York Times — ao progressista Página 12, da Argentina, as reportagens destacam o “pacote dos transportes”.

Segundo o Post e o Times, embora o Brasil “ainda não esteja sentindo os impactos da crise que atinge os EUA e a Europa desde 2008”, as medidas deverão contribuir para combater a desaceleração da economia, ao mesmo tempo em que resolve um dos principais gargalos que atrapalham a concretização do “imenso potencial” do País.
“A economia brasileira teve um bom desempenho ao longo da última década, mas o forte crescimento caiu no ano passado”, ressalva o Washington Post. “Ainda assim, especialistas afirmam que o gargalo no setor de transportes precisa ser resolvido para garantir o crescimento de longo prazo”. O jornal também chama a atenção para o entusiasmo do empresariado com a “outorga de concessões às empresas privadas para a construção, manutenção e operação de projetos por meio de concorrências públicas”. Ao contrário da imprensa brasileira, o Post dá sinais de que compreende a diferença entre a concessão anunciada  e a privatização.

Já o argentino Página 12 chama as medidas demegaplano” para reativar a economia. “O valor das concessões e a envergadura das obras são impactantes, ainda mais se observarmos o fato de que o pacote anunciado corresponde apenas ao primeiro de três programas – outros dois serão conhecidos ainda este mês e em setembro – que incluem a concessão de aeroportos portos e hidrovias”, anuncia.
O jornal questiona se haveria uma tentativa de “seduzir o capital”, contida no modelo adotado para as concessões e parcerias, e especula se “a crise e as pressões empresariais” estariam conseguindo coagir a presidenta a adotar “uma política econômica de viés privatizante”. O Página 12, porém, dá amplo espaço para a argumentação da presidenta Dilma sobre o tema.

“Quando perguntaram à presidenta se essas concessões de estradas e ferrovias a capitais nacionais e estrangeiros são o mesmo que as privatizações que caracterizaram o governo do ex-presidente socialdemocrata Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), Dilma subiu o tom e disparou: ‘Tratar o tema dessa maneira é instalar um debate absolutamente falso. O que estou fazendo é tratar de consertar alguns equívocos cometidos nas privatizações [da era FHC]. O que estamos fazendo agora é um resgate da participação da iniciativa privada, mas também estamos fortalecendo as estruturas de planejamento do Estado”.
“Para Dilma e Lula ‘privatizar’ é o estigma dos Anos 90 e a revitalização do Estado é a marca da recuperação que caracterizou a última década, quando o PT chegou ao governo”, diz o Página 12.

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