Foto: Paulo Pinto/Agência PTO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira (19), que o partido construa, durante o 6º Congresso Nacional, uma proposta que faça com que os brasileiros voltem a ter esperança no PT. Para ele, 2017 é o ano de recuperar a imagem do partido. A previsão é que o congresso aconteça no primeiro semestre deste ano.
“A coisa que mais me preocupa nesse momento é saber se nós seremos capazes de aproveitar o Congresso Nacional do PT e construir uma proposta que faça com que o coração e a mente das pessoas voltem a ter, no PT, a esperança que eles tiveram em outros momentos”, disse Lula.
“Se a gente decidir levar essa coisa a sério, nós temos que dizer em alto e bom som, esse partido e seus dirigentes vão voltar a rodar esse país, fazer um debate, voltar pras universidades, sindicados, acampamentos e sindicatos, discutir com empresários”, argumentou.
“Não temos que ter medo, vergonha do que fizemos. Eu tenho orgulho da nossa história. Não existe nenhum partido no planeta terra nas condições do PT. Não existe um partido criado nas condições que fomos criados, que deu cidadania a toda esquerda brasileira”, completou.
Ainda na avaliação do ex-presidente, o PT vive, talvez, o momento mais difícil do partido. No entanto, ele se disse entusiasmado com o entusiasmo dos petistas, militantes e simpatizantes. Lula ainda cobrou que os petistas tenham unidade para discutir, aprofundar e construir cada decisão, de forma unitária.
“Se a gente não tiver crença naquilo que a gente quer fazer e se a gente não perseguir o que fazer corretamente, a gente pode jogar por terra uma expectativa e esperança que a sociedade”, afirmou.
Ele pediu que seja feita, por cada um, uma reflexão profunda do que aconteceu com o partido, para que possam ser consertados os erros e para que o PT possa voltar a ser a legenda que desperta uma esperança na sociedade.
“Hoje a situação está mais difícil porque uma parte da esperança que nós construimos virou uma certa desesperança. Nós sabemos que o que aconteceu com a Dilma que não foi fruto apenas dos nossos algozes, que foi fruto também, quem sabe, da falta de visão nossa de que muitas vezes o que estávamos fazendo contribuiu pra enfraquecer nós mesmos diante dos nossos adversários”.
“Possivelmente a gente tenha errado no discurso, na escolha de candidatos, não tenhamos indicado a quantidade de pessoas que nós deveríamos ter indicado. (…) O que está acontecendo conosco, as mudanças que precisamos fazer, nós temos que mudar o nosso destino de fazer política, temos que aperfeiçoar a nossa relação com o movimento social”, defendeu Lula.
Para o ex-presidente, o PT não pode achar que pode voltar a ser um partido apenas de oposição, de contestação e de protesto.
“Nós não podemos mais apenas fazer uma ação política de resistência. Porque nós ficamos gritando ‘ Fora Temer’, e o Temer está lá dentro. Gritamos ‘não vai ter golpe’ e teve golpe. Estamos contra as reformas e eles estão aprovando em tempo recorde”.
“Eles construíram um pacto, talvez o mais importante pacto que a elite brasileira já construiu nesse país”, completou o ex-presidente.
O ex-presidente finalizou o discurso lembrando que, no Congresso do PT, não será proibido divergir e discutir. “Essa briga deve ser feita com o objetivo de convergir, de forma que torne o PT mais combativo e atuante”. Ele ainda reafirmou a importância do Congresso para escolher uma nova direção para o PT. “Uma direção que decida as coisas, que determine as coisas, feita com o que a gente tem de melhor”.
Recuperação da imagem do PT
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, abriu o evento de lançamento do Congresso e reforçou a necessidade de viabilizar eleições diretas para presidente da República. “É preciso preciso viabilizar eleições diretas, Fora Temer, nenhum direito a menos”.
Ele também falou sobre a importância da realização do congresso do PT para marcar um momento de avanço e de recuperação da imagem do partido.
“É preciso retomar a iniciativa, conseguir antecipar as eleições com a candidatura que é aspiração nacional, que é do presidente Lula. Eu tenho ouvido esse tipo de palavra de ordem em vários lugares (Brasil, urgente, Lula presidente), mas aqui não se trata de um lançamento de candidatura”, explicou.
O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), lembrou que o PT sempre esteve em todas as lutas. “Nunca deixamos de mostrar nossa força e organização”. “agora, com esse golpe, querem suprimir direitos e reprimir a luta do povo. Esse Congresso do PT é o congresso em que nós temos que fazer um balanço dos nossos 13 anos de governo, mas erguer o partido para as lutas que temos pela frente”.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ressaltou que o Brasil vive um momento que não é de normalidade democrática, institucional e política. “Não adianta dizer que o PT está morto, enfraquecido, não está enfraquecido”.
“Nós temos que fazer um balanço dos nossos erros e acertos. Temos que olhar o caminho adiante, o que vai ser exigido de nós daqui pra frente, e vamos ter que ter muita força pra lutar”, defendeu a senadora.
Apoio dos movimentos
Além de diversos senadores, deputados, líderes e dirigentes do partido, participaram do lançamento do 6º Congresso do PT representantes de movimentos sociais.
Eduardo Cardoso, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), disse que a central fez questão de participar do ato porque “entendemos que estamos num momento decisivo de defesa de todas as conquistas das últimas três décadas.
Quintino Severo, secretário nacional de Finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), reafirmou a necessidade de realizar um grande movimento para resistir aos ataques que a esquerda vem sofrendo no Brasil. “Tenho certeza que nós da CUT, em especial junto com os movimentos, vamos construir em cada canto a resistência ao neoliberalismo, ao retrocesso que é o governo golpista do Temer”, disse.
“Nós acreditamos nesse partido e vamos fazer de tudo que for possível para resgatar essa ferramenta como uma ferramenta de luta”.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, lembrou: “quem tem raízes, não teme as tempestades”. “Acredito que o PT tenha raízes profundas, assim como todo movimento popular desse país”.
A 2ª vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Tamires Gomes Sampaio, garantiu que “ocupar e resistir” são as palavras de ordem dos jovens em 2014. “Se os trabalhadores estão construindo uma greve geral, estaremos ao lado dos professores ocupando as escolas e dizendo não ao retrocesso”.
Fonte: Agência PT de Notícias
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