Lula alerta para tentativa de reformar lei que coíbe violência contra mulher

Lula alerta para tentativa de reformar lei que coíbe violência contra mulher

No mês em que se comemora os 10 anos da Lei Maria da Penha, o ex-presidente Lula rechaçou o projeto de lei (PL 07/16) que altera a Lei Maria da Penha (11340/06). O projeto, relatado pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), no Senado Federal, concede ao delegado de polícia o poder de adotar ou não medidas protetivas de urgência às mulheres vítimas de violência. A proposta aguarda votação no plenário do Senado.

“Aloysio Nunes já foi diretor da UNE, já foi de esquerda, mas é um troglodita por querer reformar a legislação. A Lei Maria da Penha é um marco regulatório do tratamento que as mulheres têm que receber neste e em qualquer país do mundo”, afirmou Lula aos participantes do ato que ocorreu na segunda-feira (15), em comemoração aos 10 anos da lei instituída por ele e que teve na figura de Maria da Penha sua principal inspiração.

“Ela (Maria da Penha) levou 19 anos para ver o marido dela ser condenado”, disse Lula, lembrando que a militante feminista foi baleada pelo marido e ficou paraplégica.

A coordenadora do Núcleo de Mulheres da Bancada do PT, deputada Ana Perugini (SP) destacou como um dos principais avanços da lei, a conceituação do crime. “Foi o Estado assumir a responsabilidade do crime que ocorria em relação à mulher no ambiente familiar. Esse foi o primeiro avanço, sem dúvida”, avaliou.

“Outro grande avanço foi descortinar a cultura de violência que existe ainda no Brasil, um dos países mais violentos no mundo no que diz respeito à violência contra mulher. Então, à medida que nós tomamos consciência de que é um crime o que ocorre rotineiramente, onde, 13 mulheres são assassinadas por dia no nosso país, nós temos uma chance maior de combater essa cultura”, salientou Ana Perugini.

Para a vice-líder do PT, deputada Maria do Rosário (RS), que também foi ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República no governo Dilma Rousseff, a Lei Maria da Penha criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

“Ainda que muitas mulheres tenham sido assassinadas, ainda que muitas não tenham sido atendidas nas delegacias e muitos dispositivos da lei tenham sidos burlados, podemos dizer, do outro lado, quantas vidas nós salvamos”, afirmou Rosário, reforçando a importância das políticas públicas de atendimento à Lei Maria da Penha que existem em todas as capitais brasileiras.

“Podemos dizer que a Lei Maria da Penha é um processo. Ela nasceu da violência sofrida por Penha e por muitas outras mulheres. É uma lei que continua num processo de formação, de implementação, onde a grande tarefa é torná-la realidade”, salientou Maria do Rosário, orgulhosa de uma das leis mais conhecidas e elogiadas na comunidade internacional e que se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica no país.

Comemoração – Para celebrar os 10 anos da Lei Maria da Penha, completados no último dia 7 de agosto, o Congresso Nacional vai realizar nesta quarta-feira (17), sessão solene alusiva à data, às 9h30, no plenário do Senado. Na ocasião, serão lançados um selo comemorativo e o portal do “Observatório da Violência contra a Mulher”, do Instituto DataSenado.

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