Em entrevista, Lula defende ousadia e antecipa surpresas na economia

Em entrevista, Lula defende ousadia e antecipa surpresas na economia

Lula: “Se eu conheço a cabeça da Dilma, eu acho que ela vai ser ousada daqui para a frente”O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou a possibilidade de haver surpresas capazes de movimentar a economia nos próximos meses. Em conversa com jornalistas nesta quarta-feira ,20, ele disse que é preciso ousadia para fazer a roda da economia girar. E, se o Estado não tem dinheiro para garantir as obras necessárias para melhorar a produtividade do País e reduzir o desemprego, a solução pode passar pelo regime de concessões, onde empresas privadas investem e tem o direito de explorar o serviço por um tempo determinado.

“Se eu conheço a cabeça da Dilma, eu acho que ela vai ser ousada daqui para a frente”, disse, acrescentando que o governo terá mais três anos. “Em três anos, dá para fazer muita coisa”, disse.

Lula repetiu diversas vezes a palavra “ousadia”, deixando claro que a saída para os percalços econômicos passa por uma grande concertação nacional. “A gente quem quer fazer um jogo mais combinado com a população, para fazer as coisas avançarem”, assegurou. E, ele mesmo lançou uma proposta ousada: usar o dinheiro do compulsório (parcela dos depósitos que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central para garantir a solidez das contas dos clientes) para financiar obras de infraestrutura.

“Dinheiro do orçamento para investimentos não há, mas podemos criar dinheiro de financiamento e podemos utilizar o compulsório”, sugeriu, insistindo que não há nada de errado em aumentar a dívida se isso gerar desenvolvimento, renda e emprego. “Se quisermos salvar este País, temos que colocar os pobres em cena outra vez”, destacou.

Sobre emprego, o ex-presidente disse que é preciso que isso seja uma obsessão, assim como a redução da taxa de inflação. “Dilma teve o privilégio e terminar 2014 com menor desemprego já registrado: 4,8% e voltar a esse patamar deve ser a primazia dela”, enfatizou. “Fazendo estrada, terminando a transposição do rio São Francisco, açudes, a usina Abreu e Lima, linhas de transmissão, usinas eólicas”, sugeriu.

E, se não há dinheiro para isso, a saída pode ser uma parceria com a China.  “Chama a China e dá como garantia o petróleo; eles precisam e nós temos”, sintetizou.

Lula defendeu, ainda, uma política forte de financiamento para garantir crédito e fortalecer o mercado interno, porque, “se o governo não investir, não há como convencer os empresários a fazê-lo”, observou, acrescentando ainda que entende que o governo deve ser o indutor. “Acho que neste momento, a gente só tem uma saída, temos um mercado interno extraordinário, temos política de crédito para a cadeia produtiva e, com rapidez, temos que ter política de financiamento mais forte e crédito para consumo, porque se não tiver consumo, ninguém investe”, afirmou.

Previdência
Previdência Lula ainda defendeu a necessidade de uma reforma da Previdência, mas disse que é essencial que essas mudanças sejam debatidas com trabalhadores, sindicatos e movimentos sociais.  “Dilma deve anunciar coisas boas agora. A Previdência de vez em quando tem que ser reformada. Quando a lei foi criada, se morria com 50 anos. Hoje, a expectativa de vida é de 75 anos”, disse o ex-presidente.

Lula lembrou que a presidente Dilma criou uma comissão tripartite, com empresários, trabalhadores e governo, para debater o tema que deve apresentar um projeto de reforma da Previdência a presidente.

 

 

Giselle Chassot

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