Lula: “cada empresa brasileira que conquistava mercado lá fora para nós era uma bandeira do Brasil fincada num outro país”A última das investidas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a de que, como presidente da República, ele comandou várias missões de empresários em outros países e, portanto, fez lobby para elas. Soa ridículo, mas é verdade: um ex-presidente brasileiro é acusado de beneficiar empresas brasileiras no exterior.
Em seu blog no site Brasil 247, a jornalista Tereza Cruvinel relatou, na última terça-feira (23), parte de uma entrevista com o ex-presidente que trata justamente da investida infeliz contra seu papel, como ele se orgulhava de dizer na Presidência da República, de “caixeiro-viajante”.
“Tenho orgulho de ter sido o presidente que mais trabalhou para abrir mercados para as empresas brasileiras no mundo. Quero ser lembrado como o presidente que mais levou comitivas de empresários, dos mais diversos setores, em suas viagens. Levei centenas de empresários comigo à China, à Índia, à África, aos quatro cantos do mundo”, disse.
A atuação internacional de Lula vem sendo questionada desde o início da Operação Lava Jato. Desde então, a mídia cadente, com a revista Veja à frente, já publicou cinco capas especulando que um dos presos vai denunciar Lula, envolvendo-o com os casos investigados pela operação. Além da capa criminosa que tentou manipular incautos às vésperas das eleições do ano passado.
“Cada empresa brasileira que conquistava mercado lá fora para nós era uma bandeira do Brasil fincada num outro país”, lembrou o ex-presidente.
Confira íntegra do texto:
Lula: Tenho orgulho de ter sido o presidente que mais levou comitivas empresariais ao exterior
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, no último dia (23), para o 247 uma defesa de sua atuação em favor da maior inserção das empresas brasileiras no exterior, destacando os ganhos obtidos com isso pelo país e lembrando que se tal atividade dos presidentes fosse criminalizada em outros países, Bill Clinton não teria se empenhado para que a americana Raytheon vendesse o SIVAM para o Brasil.
“Tenho orgulho de ter sido o presidente que mais trabalhou para abrir mercados para as empresas brasileiras no mundo. Quero ser lembrado como o presidente que mais levou comitivas de empresários, dos mais diversos setores, em suas viagens. Levei centenas de empresários comigo à China, à Índia, à África, aos quatro cantos do mundo”.
Depois de desfiar alguns números, Lula acrescenta:
“Cada empresa brasileira que conquistava mercado lá fora para nós era uma bandeira do Brasil fincada num outro país. Eu dizia ao Furlan e ao Miguel Jorge: vocês têm que ser verdadeiros mascates do Brasil. E eles também saíram pelo mundo fazendo isso”.
O empresário Luiz Fernando Furlan foi primeiro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio de Lula, substituído no segundo mandato pelo executivo Miguel Jorge. Em 84 viagens internacionais, Lula recorda ter levado comitivas empresariais, o que dá uma média de dez por ano, ou quase uma por mês. Ele cita de cabeça alguns números, como o salto do fluxo de comércio internacional do Brasil, que em seus dois mandatos passou de US$ 107 bilhões para US$ 383 bilhões. Recorda que em oito anos o saldo na balança comercial passou de US$ 1 bilhão para US$ 35 bilhões. Que embora o comércio com a Europa tenha triplicado de volume, e tenha aumentado também com os Estados Unidos, parceiros tradicionais do Brasil, houve uma diversificação de relacionamentos. Com a China, o comércio bilateral passou de US$ 3 bilhões para US$ 49 bilhões entre 2002 e 2013, e com a África de US$ 2,3 bilhões para US$ 11 bilhões no mesmo período. E ao final arremata, citando o exemplo de Clinton.
“Se os presidentes da República tivessem que ser criminalizados por ajudarem as empresas de seu país, o Bill Clinton não teria ajudado a americana Raytheon a vender on Sivam para o Brasil”.
A compra do Sivam – Sistema de Vigilância da Amazônica – resultou no primeiro escândalo de corrupção do governo Fernando Henrique, em 1998.
A atuação internacional de Lula vem sendo questionada desde o início da Operação Lava Jato. Desde então, só a revista Veja já publicou cinco capas especulando que um dos presos vai denunciar Lula, envolvendo-o com os casos investigados pela operação. Em uma, o personagem foi o doleiro Alberto Youssef, depois o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, seguido de Ricardo Pessoa, da UTC, de Leo Pinheiro, da OAS, e agora do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.
Com informações do Brasil 247