Má gestão explica norte-americanas ficarem de fora de Libra

Em análise à Agência Senado, John Forman, ex-diretor da ANP, diz que o fato é “normal e não é nada surpreendente e estranho".

Má gestão explica norte-americanas ficarem de fora de Libra

O número de companhias inscritas para o primeiro leilão do pré-sal, o do campo de Libra, pode ser atribuído mais à gestão do portfólio de investimentos das petrolíferas nas áreas de exploração e produção do que às incertezas regulatórias provocada pelo novo regime de partilha.

A avaliação é do ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e presidente da J. Forman Consultoria, John Forman, à Agência Estado. Inicialmente, havia a expectativa de que 40 empresas disputassem o leilão, mas apenas 11 se inscreveram. Para Forman, isso é “normal e não é nada surpreendente e estranho”, afirmou o consultor, em entrevista à Agência Estado.

 

Confira a íntegra da matéria:

Modelo de partilha não foi o fator que afastou empresas do leilão de Libra, diz Forman

O baixo número de companhias inscritas para o primeiro leilão do pré-sal, o do campo de Libra, pode ser atribuído mais a uma questão de gestão do portfólio de investimentos das petrolíferas nas áreas de exploração e produção do que às incertezas regulatórias provocada pelo novo regime de partilha. A análise foi feita pelo ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e presidente da J. Forman Consultoria, John Forman.

“O modelo de partilha da produção é diferente, mas isso já existe em outros lugares do mundo”, afirmou o especialista, que participou hoje de evento organizado pela Global Pacific & Partners. A expectativa inicial do governo era de que 40 empresas disputassem o leilão do campo de Libra. Porém, a ANP divulgou hoje que apenas 11 companhias se inscreveram para a licitação.

Forman lembrou que os meses de setembro e outubro são a época do ano em que as petrolíferas definem os seus planos anuais de exploração e produção com os orçamentos. “Tiveram empresas que pagaram para ter acesso aos dados (do campo de Libra), analisaram e depois compararam com as outras oportunidades que elas têm. No fim, algumas optaram por não participar, o que é normal e não é nada surpreendente e estranho”, argumentou.

O consultor relativizou a decisão da Exxon, da British Gas (BG) e da British Petroleum (BP) de não disputarem o leilão do campo de Libra. Sobre a Exxon, Forman lembrou que o histórico da empresa americana na área de E&P revela uma atuação tímida no Brasil. “Quais são os ativos da Exxon no Brasil? São poucos. Se olhar a participação da Exxon nos leilões, você verá que a empresa também não participou de muitos”, justificou o especialista.

Sobre a BG, Forman avaliou que a empresa não pode ser considerada “grande”, ainda que tenha experiência no pré-sal por ser parceira da

Petrobras em alguns campos. Para o especialista, o fato de o governo federal ter exigido o pagamento de um bônus de assinatura de US$ 15 bilhões faz com que só as “majors” da indústria do petróleo tenham condições de disputar o leilão.

Forman comentou que a BP é uma empresa petrolífera de grande porte, mas ponderou que a decisão de não disputar o leilão do campo de Libra pode estar relacionada ao vazamento de óleo em um campo offshore da companhia no Golfo do México. Esse acidente, ocorrido em 2010, resultado na aplicação de uma série de penalidades e multas à empresa, o que levou a BP, inclusive, a ter que se desfazer de ativos para fazer frente às indenizações.

Analisando as 11 empresas inscritas para o leilão, o especialista afirmou que a lista reúne um grupo de companhias com objetivos completamente distintos. As empresas inscritas são: as chinesas CNOOC e CNPC, a japonesa Mitsui, a indiana ONGC Videsh, a portuguesa Petrogal, a hispano-chinesa Repsol/Sinopec, a malaia Petronas, a anglo-holandesa Shell, a colombiana Ecopetrol, a francesa total e a Petrobras. Pelas regras do contrato de partilha, a estatal federal tem 30% de participação no consórcio vencedor.

Para Formam, as empresas chinesas e a indiana, que fazem parte do grupo das NOC (companhias nacionais de petróleo, na sigla em inglês), têm interesse em participar do leilão para assegurar o acesso a reservas de petróleo com base no interesse estratégico de cada país. “O objetivo é garantir o atendimento da demanda dos seus mercados internos”, afirmou.

Já o interesse de empresas como a Total e a Shell, que integram o grupo das IOC (companhias internacionais de petróleo, na sigla em inglês), é o de garantir a reposição de suas reservas de petróleo, mantendo a relação reserva e produção em um nível elevado. “Tanto a Shell quanto a Total são oriundas de países que não têm grande produção de petróleo hoje. Elas precisam buscar novas reservas, ou do contrário elas acabam”, afirmou o consultor.

Outro ponto destacado pelo especialista é o interesse da Mitsui em disputar o leilão. Mais do que se consolidar como petrolífera no Brasil, Forman afirmou que a empresa japonesa pode enxergar no campo de Libra uma oportunidade para ampliar a atuação como fornecedora de equipamentos e serviços. “Vale lembrar que a Mitsui é uma parceira de longo prazo da Petrobras”, analisou.

Bahnemann – [email protected])

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