Nos últimos tempos, crianças e adolescentes paulistas precisam se contentar com lanche raloHá cerca de um mês, a polícia trouxe à tona o escândalo da merenda de São Paulo, revelando ao País a existência de uma quadrilha que mantinha contato direto com secretários da antessala do governador, Geraldo Alckmin (PSDB) e com denúncia direta contra o presidente da Assembleia Legislativa paulista, Paulo Capez (também do PSDB). Os bandidos levaram cerca de R$ 200 milhões dos cofres públicos com a bem azeitada máquina de corrupção que utilizava suas relações com a instâncias mais altas do poder para, primeiro, fraudar licitações e o roubo de alimentos destinados a crianças para bares e restaurantes.
Dentre os criminosos e altos funcionários citados , a maioria já foi solta; dos integrantes do PSDB na cúpula do governo, todos passam bem, obrigado, sem a perspectiva de qualquer problema com a lei.
Para as crianças o “choque de gestão” tucano não tardou. Da dieta balanceada com grãos, frutas e leite anterior, passou-se a bolacha água e sal e achocolado.
Quem encabeça a denúncia da mudança no cardápio são as próprias crianças e adolescentes. Em sintonia com os novos tempos e as novas formas de denunciar desmandos, os estudantes utilizam as redes sociais para se queixar das alterações no lanche, apelar pela volta da merenda “tradicional” e exibir fotos da minguada refeição que passaram a receber.
E foram tantas as denúncias que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) pediu explicações à Secretaria Estadual de Educação sobre os problemas. O governo tucano diz que são situações pontuais, mas, segundo os alunos, é uma verdadeira epidemia de lanche ralo.
A página da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo informa que as cinco mil escolas da rede estadual são beneficiadas com o programa Alimentação Escolar”. Alunos contam com uma merenda de qualidade fornecida de maneira centralizada e descentralizada”, diz o texto de apresentação.
Na página do Portal da Transparência Estadual de SP, quando se buscam dados sobre a alimentação escolar, a informação é de que programa de alimentação escolar “tem como objetivo fornecer aos alunos da rede estadual de ensino, refeição balanceada, suprindo no mínimo o equivalente a 20% das recomendações nutricionais diárias o atendimento dos direitos constitucionais da criança e do adolescente, que prevê o suprimento de parte das necessidades nutricionais, contribuindo para o bem estar físico e mental dos alunos e, consequentemente, diminuindo a evasão e melhorando o rendimento escolar, em consonância com os direitos constitucionais da criança e do adolescente”. Difícil acreditar que bolacha e achocolatado sejam capazes de cumprir essa função.
As mães que podem, reforçam o lanche das crianças. Isso cria problemas de relacionamento entre os meninos. Em algumas escolas, para não criar constrangimentos, quem não tem lanche é separado de quem precisa apelar para a merenda rala.
Com informações das agências de notícias