Governo Michel Temer mostra meta fiscal irreal, afirma Márcio Pochmann

Governo Michel Temer mostra meta fiscal irreal, afirma Márcio Pochmann

Para economista, meta fiscal para 2017 apresentada por Temer jogou fora discurso de austeridade para ampliar gastos e satisfazer base políticaNa quinta-feira (7), o ministro da Fazenda Henrique Meirelles anunciou a meta fiscal para 2017. Apesar do ajuste fiscal prometido, o déficit primário (diferença entre gastos e receitas, desconsiderando gastos com juros) previsto para 2017 é de R$ 139 bilhões. Para comparação: em 2014, o déficit foi de R$ 17 bilhões.

Para 2016, a equipe de Dilma havia enviado ao Congresso uma proposta para revisar esse número, estipulando um déficit de R$ 96 bi. Quando assumiu, o golpista Michel Temer ampliou esse déficit para R$ 170,5 bilhões, e conseguiu a aprovação do Congresso.

Para Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo e professor do Instituto de Economia da Unicamp, a meta apresentada pelo governo interino é frágil, ou seja, corre o risco de não corresponder à realidade. Isso porque, segundo ele, considera uma trajetória de retomada de crescimento, que pode não ocorrer.

Além disso, contabiliza uma receita extra de R$ 55 bilhões proveniente de privatizações. Segundo Pochmann, o momento atual não é favorável para privatizações por conta da crise internacional. “Forçaram um número menor”, diz ele.

“Há uma contradição inicial com o discurso de austeridade”, explica Pochmann. Outro fator que estimula os gastos é a alta taxa de juros básica (Selic), hoje em 14,25%. A nova equipe econômica dá sinais de que vai manter a taxa no atual patamar por mais tempo do que o esperado.

Com a economia em recessão, a expectativa era de uma redução gradual da taxa de juros. Ao mesmo tempo, não há indicação de corte de despesas. Uma taxa maior implica mais gastos financeiros com o pagamento de juros da dívida pública.

“Na realidade, Temer procura ampliar o gasto. Essa ampliação foi avalizada por aqueles que possibilitaram o seu governo (apoiadores do golpe)”, explica Pochmann. Para ele, a equipe econômica jogou fora o receituário neoliberal a curto prazo, prometendo cortes estruturais. O principal deles, que é o teto de gastos públicos, deve cortar investimentos em saúde e educação, mas ainda precisa ser aprovado no Congresso.

Outra aposta para o ajuste de Temer é a reforma da Previdência Social, que vai igualar a idade de aposentadoria de homens e mulheres para 65 anos, em um primeiro momento, e pode chegar a 70 anos no futuro. Com isso, Temer prejudica sobretudo as mulheres e aqueles que começaram a trabalhar mais cedo.

Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que o governo golpista não abriu mão dos gastos. “Estão tentando travestir este número de vitória do Henrique Meirelles [ministro da Fazenda]. Mas é na verdade uma vitória do núcleo político. Romero Jucá [senador do PMDB-RR] e companhia, que não abriram mão dos gastos”, afirmou ele na entrevista.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), Temer promove uma verdadeira farsa fiscal, já que vende o discurso de austeridade, mas aumenta gastos para manter sua base fisiológica.

Agência PT de Notícias

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