Reale Júnior fala, fala, mas não mostra quais crimes Dilma teria cometido

Reale Júnior fala, fala, mas não mostra quais crimes Dilma teria cometido

Jurista falou por meia hora, não esclareceu as razões da denúncia, levantou-se e foi emboraFestejado nos altos salões da advocacia, o patrono da denúncia que pede o impeachment da presidenta Dilma foi incapaz de apontar com a mesma maestria de suas defesas quais crimes teriam sido cometidos. Por mais de meia hora, falou de tudo, se enroscou e não foi no ponto central dos dois pontos que embasam o pedido de afastamento: pedaladas fiscais e decretos de suplementação orçamentária. “Com todo respeito, o senhor falou de política econômica, mas não se ateve aos fatos que temos que discutir aqui. O objeto foi muito bem delimitado pelo Supremo Tribunal Federal”, apontou Lindbergh Farias (PT-RJ).

 

O advogado Miguel Reale Júnior disse que uma ilegalidade seriam créditos não numerados, mas Lindbergh mostrou que a lei só prevê crédito numerado aqueles que têm caráter normativo. “Todos os créditos foram publicados no Diário Oficial. O senhor fala que decretos foram editados com vultosa movimentação financeira, ampliando gastos da União. Mas isso é um erro básico, conceitual, professor. Quem controla a meta fiscal é o decreto de contingenciamento”, explicou, acrescentando um ponto básico que desmonta a denúncia: “o decreto de crédito suplementar não aumenta um centavo os gastos. São erros conceituais como esse que tem aqui na denúncia”.

 

Sobre a declaração do advogado de que decretos foram editados e publicados após a data de um projeto de lei, Lindbergh apontou que o Tribunal de Contas da União mudou seu entendimento sobre decretos de suplementação orçamentária em outubro de 2015, depois da edição do Diário Oficial. “O senhor é professor de Direito e conhece o artigo 5º da Constituição, inciso 39, que diz, não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena prévia sem cominação legal e o inciso 40 diz que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.

 

Lindbergh acrescentou, ainda, para mostrar a interpretação defeituosa do advogado, por que o Tribunal de Contas da União, em 2009, definiu que mesmo mandando a proposta de mudança da meta fiscal para o Congresso, o governo podia editar decreto, podia ter um decreto de contingenciamento de acordo com a meta e foi isso que aconteceu. “Como o senhor, como professor de Direito, que me dizer que a mudança de entendimento do TCU pode retroagir. Isso não se sustenta”, apontou.

 

Sobre as pedaladas do Plano Safra, Reale Júnior se enrolou todo e confundiu como se deve proceder, já que o Plano Safra não tem um ato, uma vez que o artigo 3º da Lei desse plano diz que a gestão é feita pelo Ministério da Agricultura e pelo Banco do Brasil. A oposição quer culpar Dilma por equalização de juros, mas são o Ministério da Agricultura e o Banco do Brasil que fecham um contrato para realizar a complementação de crédito para beneficiar os produtores de alimentos. Exemplo: se a safra de soja de determinada região sofre atraso na colheita, o valor do financiamento bancário pode subir ou baixar. É isso que acontecia e agora a oposição acha que é crime, só para tirar Dilma por meio de um golpe parlamentar.

 

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