Na mídia: Elio Gaspari destaca eficiência das ações afirmativas

No domingo, colunista destacou os avanços das políticas de cotas e do ProUni no País. “Um sucesso para ninguém botar defeito”.

 

Com o título “Um sucesso para ninguém botar defeito”, o colunista Elio Gaspari aponta os benefícios que tem trazido à implantação de políticas afirmativas nas universidades brasileiras. Na edição da Folha de S. Paulo e de O Globo do último domingo (21/10), o colunista enfatiza que as políticas de cotas implementadas em solo brasileiro deram resultado mais rapidamente do que o formato adotado pelos Estados Unidos.

“Entre 1997 e 2011, quintuplicou a percentagem de negros e pardos que cursam ou concluíram o curso superior, indo de 4% para 19,8%. Em números brutos, foram 12,8 milhões de jovens de 18 a 24 anos”, aponta Gaspari, rebatendo aqueles que dizem essa não ser uma medida eficaz para corrigir distorções históricas.

Para Gaspari, o processo de criação de ações afirmativas, iniciada na gestão de Lula na Presidência, também foi importante para mudar o retrato que o Brasil apresentava. “O percentual de 1997 retratava um Brasil que precisava mudar. O de 2011, uma sociedade que está mudando, para melhor. Por trás desse êxito estão políticas de cotas ou estímulos nas universidades públicas e no ProUni. Em seis anos, o ProUni matriculou mais de 1 milhão jovens do andar de baixo, brancos, pardos, negros ou índios”, destacou.

Um sucesso para ninguém botar defeito – Por Elio Gaspari

De 1997 a 2011, quintuplicou o número de negros e pardos nas universidades

A notícia pareceu uma simples estatística: entre 1997 e 2011, quintuplicou a percentagem de negros e pardos que cursam ou concluíram o curso superior, indo de 4% para 19,8%. Em números brutos, foram 12,8 milhões de jovens de 18 a 24 anos.

Isso aconteceu pela conjunção de duas iniciativas: restabelecimento do valor da moeda, ocorrido durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, e as políticas de ação afirmativa desencadeadas por Lula.

Poucos países do mundo conseguiram resultado semelhante em tão pouco tempo. Para ter uma ideia do tamanho dessa conquista, em 2011 a percentagem de afrodescendentes matriculados em universidades americanas chegou a 13,8%, 3 milhões em números brutos. Isso depois de meio século de lutas e leis.

Em 1957, estudantes negros entraram na escola de Little Rock escoltados pela 101ª Divisão de Paraquedistas.

Pindorama ainda tem muito chão pela frente, pois seus negros e pardos formam 50,6% da sua população e nos Estados Unidos são 13%.

O percentual de 1997 retratava um Brasil que precisava mudar. O de 2011, uma sociedade que está mudando, para melhor. Por trás desse êxito estão políticas de cotas ou estímulos nas universidades públicas e no ProUni.

Em seis anos, o ProUni matriculou mais de 1 milhão jovens do andar de baixo, brancos, pardos, negros ou índios. Deles, 265 mil já se formaram. Novamente, convém ver o que esse número significa: em 1944, quando a sociedade americana não sabia o que fazer com milhões de soldados que combatiam na Europa e no Pacífico, o presidente Franklin Roosevelt criou a GI-Bill.

Ela dava a todos os soldados uma bolsa integral nas universidades que viessem a aceitá-los. Em cinco anos, a GI-Bill matriculou 2 milhões de jovens. Hoje entende-se que a iniciativa foi a base da nova classe média americana e há estudiosos que veem nela o programa de maior alcance social das reformas de Roosevelt.

Coluna publicada nos jornais Folha de S Paulo e O Globo

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