“Nem de longe o País está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns”, afirma Dilma

Dilma Rousseff esclarece à população que as finanças do País não estão descontroladas e que os ajustes visam fortalecer a economia, de maneira “mais rápida” e “mais duradoura”Necessário e oportuno. Essa é a interpretação que se faz a respeito do pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff, em cadeia nacional, na noite desse domingo (8). Dilma chamou à razão as pessoas que podem estar sendo iludidas em relação às notícias que são despejadas de manhã, de tarde e à noite sobre o momento político e econômico no Brasil. “Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que esclarecem”, afirmou.

Diante da confusão de informações dúbias, maliciosas e até golpistas, a presidenta pediu aos brasileiros fazer uma reflexão que ajuda a entender o momento e, assim, renovar a fé e a esperança no País.  “O Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos, mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos”, disse ela.

Por fundamentos sólidos, podemos citar a mais baixa taxa de desemprego na história econômica brasileira; uma administração das dívidas líquida e bruta controlada; o combate à inflação; e as reservas internacionais, com todo o turbilhão da crise global, estão próximas dos US$ 400 bilhões. Isso não é pouca coisa. Nenhum programa social, como o Bolsa Família ou o Programa Minha Casa, Minha Vida, que dão qualidade de vida a milhões de famílias, terão redução dos gastos investidos. E Dilma foi clara: “as dificuldades que existem não irão comprometer as conquistas com as medidas que estamos tomando para superá-las”.

A presidenta explicou que a questão central se localiza justamente na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929. E nessa etapa é necessário usar instrumentos diferentes, mais duros, isto tendo a coincidência de o Brasil enfrentar a maior seca da história nas regiões Sudeste e Nordeste.

A seca implicou aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos e Dilma sabe disso; mostrou à população que não está alheia a esse problema. Por isso reconheceu e deu razão ao direito de todos os brasileiros e brasileiras manifestarem suas irritações e preocupações. Também é direito da presidenta ter pedido compreensão da população porque esta situação é passageira. “O Brasil tem todas as condições de vencer estes problemas temporários e esta vitória será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento. Peço a vocês que nos unamos e que confiem na condução deste processo pelo governo, pelo Congresso e por todas as forças vivas do nosso País – e uma delas é você”.

Dilma lembrou que crise severa mesmo se verifica em economias que ainda não se recuperaram dos primeiros eventos de 2008, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão. Até mesmo a China, que é a economia mais dinâmica do planeta, vê seu crescimento ser reduzido pela metade.

Foi oportuno a presidenta dizer que lá na crise de 2008 o Brasil foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair, mérito da condução da política econômica. Nesta segunda etapa de enfrentamento da crise, o governo está implantando as bases para superá-la e ter um salto em seu desenvolvimento. Vale notar e explicar o que o noticiário omite, é que nos seis primeiros anos da crise o crescimento da economia brasileira foi de 19,9%, enquanto que na direção contrária os países da Zona do Euro viram a economia encolher 1,7%.

“Pela primeira vez na história, o Brasil ao enfrentar uma crise econômica internacional não sofreu uma quebra financeira e cambial. Enquanto nos outros países havia demissões em massa, nós aqui preservamos e aumentamos o emprego e o salário. Se conseguimos essas vitórias antes, temos tudo para conseguir novas vitórias outra vez, inclusive porque, corajosamente, decidimos mudar de método e buscar soluções mais adequadas ao atual momento, mesmo que isso signifique alguns sacrifícios temporários para todos, críticas injustas e desmesuradas ao governo”, enfatizou.

Dilma observou que, para defender a população, o governo absorveu todos os efeitos negativos da crise, usando o orçamento público para proteger o crescimento, o emprego e a renda das pessoas, daí as reduções de impostos para estimular a economia e garantir os empregos. Mesmo assim, era quase impossível prever que a crise internacional duraria tanto tempo e receberia o acompanhamento, no Brasil, de uma grave crise climática. Por isso, a carga negativa foi absorvida até onde era possível, mas o momento agora é de correções e ajustes na economia.

A presidenta recordou que não é a primeira vez que ajustes são feitos. Em 2003, por exemplo, no início do governo Lula, medidas corretivas foram tomadas e a economia voltou ao normal, experimentando um crescimento vigoroso. “São medidas para sanear as nossas contas e assim dar continuidade ao processo de crescimento com distribuição de renda, de modo mais seguro, mais rápido e mais sustentável”, disse ela, acrescentando que as medidas estão sendo adotadas de forma realista, da maneira mais justa, transparente e equilibrada possível. “As medidas estão sendo aplicadas de forma que as pessoas, as empresas e a economia as suportem”.

Ajustes

Os primeiros resultados das medidas adotadas devem surtir efeito no final do segundo semestre deste ano. Segundo a presidenta, tais medidas começaram com o corte de gastos do governo, que está fazendo sua parte, mas sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais. Alguns benefícios sociais que tinham distorções serão ajustados, mas sem mexer nos direitos sagrados dos trabalhadores. “Estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo. Mais importante, no entanto, do que a duração destas medidas será a longa duração dos seus resultados e dos seus benefícios, que devem ser perenes no combate à inflação e na garantia do emprego”.

Incômodo

Apesar de as mídias sociais replicarem a manifestação daqueles contrários à presidenta Dilma, com panelaço, numa espécie de revolta da “varanda gourmet”, o que incomodou algumas pessoas que disseminam o ódio não é o fato de Dilma ter pedido confiança. Pode-se avaliar que é por causa do Brasil que se tem hoje; com um governo que se preocupa com a população; um País que tem mais qualificação profissional, mais infraestrutura, mais oportunidades para estudar do que se tinha antes, inclusive no exterior; uma nação de novos empreendedores que faz a economia ser a sétima do mundo; que tem reservas internacionais que nunca teve antes, que não pede financiamento ao Fundo Monetário Internacional (FMI); um governo que tirou 36 milhões de pessoas da miséria absoluta e que incluiu 44 milhões de pessoas na classe média.

Explicações

 “O esforço fiscal não é um fim em si mesmo. É apenas a travessia para um tempo melhor, que vai chegar rápido e de forma ainda mais duradoura”.

 “Não vamos trair nossos compromissos com os trabalhadores e com a classe média, nem deixar que desapareçam suas conquistas e seus direitos”.

 “Não estamos tomando estas medidas para voltarmos a ser iguais ao que já fomos. Mas, sim, para sermos muito melhores”.

 “Durante o tempo que elas durarem, o País não vai parar. Ao contrário, vamos continuar trabalhando”.

“Este esforço tem que ser visto como mais um tijolo, no grande processo de construção do novo Brasil. Esta construção não é só física, mas também espiritual. De fortalecimento moral e ético”.

“O Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, com também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras”.

Leia mais:

“Dilma nos apresentou onde ela pretende chegar”, diz Humberto Costa

Não haverá flexibilização das leis trabalhistas, garante Dilma, mas correções necessárias

To top