Paulo Teixeira não vê motivo para prorrogar a CPI do Cachoeira

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as relações criminosas do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos – o Carlinhos Cachoeira – disse, nesta quinta-feira (02/08), que não acredita que os trabalhos da Comissão devam se prorrogar além do prazo. Pelo regimento, a CPMI, que iniciou seus trabalhos no dia 19 de abril, tem 180 dias para concluir as investigações. Ainda conforme o regimento, esse prazo pode ser prorrogado por mais 180 dias. Teixeira, porém, acha o adiamento desnecessário e acredita que as eleições não devem atrapalhar o andamento do trabalho de investigação, que deve ser concluído em pleno período eleitoral.

“O presidente Vital do Rêgo e o relator Odair Cunha querem concluir os trabalhos no fim de outubro, que coincide com as eleições. Portanto não dá para esperar. Além disso, a CPI deve continuar com suas reuniões ordinárias às terças e quartas-feiras”, explicou.

Paulo Teixeira também comentou que os novos fatos divulgados pela imprensa, como a suposta chantagem da companheira de Cachoeira ao juiz federal Alderico Rocha Santos deve motivar novas convocações, como a do diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Junior. Nessa segunda-feira (30/07), a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, foi denunciada por tentar chantagear o magistrado goiano, que afirmou que o dossiê teria sido produzido por Policarpo Junior, no qual Alderico Rocha apareceria ao lado de políticos e empresários. O juiz relatou a chantagem ao Ministério Público Federal (MPF), que pediu a prisão da mulher do contraventor. “Com os recentes acontecimentos, está colocada a relação do jornalista com a organização criminosa. Já iremos discutir a convocação na primeira reunião da CPMI”, afirmou Teixeira à agência Carta Maior.

Andressa foi detida pela Polícia Federal (PF) e liberada após firmar compromisso de pagar fiança. “Isso demonstra que esta organização criminosa está ativa, buscando corromper e constranger autoridades públicas. E que ela não é apenas esposa de Cachoeira, mas um membro atuante desta quadrilha, que precisa ser desarticulada”, disse o vice-presidente da CPMI. Andressa já foi chamada a depor e será ouvida na próxima terça-feira (07/08), não como testemunha, mas como indiciada.

A convocação de Policarpo precisa ser aprovada por meio de requerimento na CPMI. O assunto deve ser discutido na próxima reunião administrativa da comissão.

Conclusão

Segundo Paulo Teixeira, o momento atual é de reunir as informações e começar as conclusões. A primeira delas diz respeito ao fluxo econômico da organização criminosa, que movimentou muitos recursos por meio de empresas fantasmas e ilegais.

O vice-presidente disse que outra tarefa é dizer quanto o grupo conseguiu de lucros, quanto há de recursos e quais os bens envolvidos para que a Justiça possa recuperá-los. Ainda segundo Teixeira, outro tema a ser tratado pela comissão é esclarecer quem dos detentores de função pública teve envolvimento efetivo com o grupo a fim de que respondam política e judicialmente.

Sobre a sucessão de habeas corpus garantindo o silêncio dos depoentes na comissão, o deputado salientou que o trabalho da CPI não se restringe a depoimentos. “Temos outros meios de prova, como quebras de sigilo, documentos e escutas feitas durante o inquérito. Assim a CPI já tem muita coisa que estará no relatório do relator Odair Cunha”.

Giselle Chassot, com Agência Senado e PT na Câmara

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