Pinheiro indica senador do PT para presidir Conselho de Ética

Pinheiro indica senador do PT para presidir Conselho de Ética

Pinheiro diz que senador goiano mentiu em seu discurso, o que configura quebra de decoro

O líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo, Walter Pinheiro (BA), anunciou na tarde desta terça-feira (03/04), no plenário do Senado, a indicação do senador Wellington Dias (PT-PI) para presidir o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa, já que na próxima semana o colegiado se reunirá para eleger seu presidente e iniciar o processo de julgamento político do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) por quebra de decoro parlamentar.

“As informações são suficientes para a quebra de decoro parlamentar do senador Demóstenes, pelas mentiras apresentadas aqui no Senado e as notícias vazadas pela imprensa. Mas queremos ir além, queremos que os crimes cometidos também sejam investigados e levados à última consequência”, afirmou Pinheiro ao cobrar pressa do Senado.

O líder explicou que apresentou o nome de Wellington Dias como forma de dar agilidade ao processo, e porque o senador já é integrante do Conselho de Ética. Pinheiro disse que conversou com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do PMDB, sobre a indicação, até porque cabe ao PMDB a indicação do presidente do colegiado composto por quatro senadores do partido, três do PT, dois do PSDB e um do DEM.

Mais cedo, Pinheiro disse não ver tentativa de manobra do Conselho de Ética para evitar a votação da representação. Ao considerar normal a eleição de um novo presidente, antes da análise da representação – afinal, desde setembro de 2011 a presidência do Conselho de Ética está sem titular – o lider do PT resolveu se antecipar. Quanto ao caso do senador Demóstenes Torres, o processo no Conselho teve seu curso interrompido, porque o senador Jayme Campos (DEM-MT), que ocupava interinamente a presidência, declarou-se impedido de analisar o caso por pertencer ao mesmo partido que Demóstenes. No mesmo dia, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou para o dia 10 a reunião do Conselho para a escolha do novo presidente, podendo ser Wellington Dias

“O Conselho está funcionando, recebeu a representação e o presidente em exercício já marcou a reunião para a escolha do presidente. Assim que ele for eleito, continua o processo para dar resposta ao requerimento”, explicou Pinheiro.

Diante das sucessivas denúncias que apontam uma estreita ligação do senador Demóstenes Torres com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, senadores do PSOL e do PSDB apresentaram a representação contra o parlamentar goiano, na última segunda-feira (02). Hoje, Demóstenes pediu seu afastamento do Partido Democrata, após duas semanas de denúncias.

Segundo Pinheiro, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que é o Corregedor do Senado, já solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da República cópia dos documentos para embasar as discussões que poderão levar à cassação do mandato de Demóstenes Torres. “Temos duas facetas: o crime e o decoro, mas é necessário pedir os documentos para consubstanciar o pedido de perda de mandato, para não ficarmos recebendo informações pela imprensa”, explicou.

Em entrevista para redes de televisão, o líder acrescentou que o julgamento de Demóstenes Torres é apenas uma parte do processo que correrá no Senado. O destino do mandato do senador acusado, desta forma, é apenas uma etapa do processo de investigação a ser promovida pelo Conselho. não há possibilidade de Demóstenes Torres salvar seu mandato, pois os vazamentos das duas últimas semanas mostram que ele mentiu há quase um mês, quando subiu à tribuna do Senado para dizer que não mantinha mais vínculos com o empresário contraventos.

O PT, em particular, não quer que o escândalo se resuma na cassação do mandato de Demóstenes Torres. O partido quer mais, quer investigar toda a rede de interesses criminosos que, nos últimos anos, abasteceu o senador agora acusado com informações sigilosas que foram colhidas para fortalecer os interesses e os movimentos criminosos de Carlos Cachoeira. Por essa razão, o líder do PT cobra que todas as informações que hoje está em poder do Ministério Público sejam remetidas para o Senado para que, então, seja possível realizar uma investigação completa – tanto da corrupção patrocinada por Cachoeira, quanto dos corruptores que com ele colaboravam para transformar informações clandestinas em instrumento de poder junto à mídia e outros órgãos públicos, das três esferas de poder.

Perguntado sobre sua opinião a respeito do pedido de desfiliação apresentado por Demóstenes ao DEM, seu partido, e uma possível renúncia ao mandato, Pinheiro disse não fazer qualquer diferença. “O pedido de cassação já está feito e cabe ao Senado tomar uma decisão. O mais importante, neste mnomento, é que o Senado não interrompa a apuração de todos os outros crimes que estão relacionados com o comportamento controverso do senador Demóstenes Torres.

 

Marcello Antunes

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