Em artigo semanal, o presidente do partido fala sobre a “maquinação dos golpistas de barrarem as investigações da Operação Lava Jato”O presidente do PT, Rui Falcão, em seu artigo semanal afirma que, a cada dia que passa, ficam mais evidentes os motivos e “as razões para o golpe que afastou temporariamente a presidenta Dilma Rousseff e colocou à frente de um governo ilegítimo do vice conspirador”.
Para ele, as gravações divulgadas dos grampos atribuídos a Sérgio Machado (PMDB e ex-PSDB) confirmam a “maquinação dos golpistas de barrarem as investigações da Operação Lava Jato”.
Como já ocorreu em outros momentos de nossa história, a classe dominante, segundo Rui Falcão, sobretudo nos períodos de crise, não tolera por muito tempo governos democráticos e avanços das forças populares. “Antes, eram os golpes militares; agora os golpes amparados no Parlamento, na mídia e em setores do Judiciário. Um e outro, golpes contra a democracia e a soberania popular”, enfatiza.
Confira a íntegra:
Os reais motivos do golpe
Ficam cada dia mais evidentes os motivos e as razões para o golpe que afastou temporariamente a presidenta Dilma Rousseff e colocou à frente de um governo ilegítimo do vice conspirador.
As gravações até agora divulgadas dos grampos atribuídos ao presidente da Transpetro, Sérgio Machado (PMDB e ex-PSDB) confirmam a maquinação dos golpistas de barrarem as investigações da Operação Lava Jato – pelo menos das apurações de corrupção em que estiveram (estão?) envolvidos.
Até então, com atropelos a direitos fundamentais – como o habeas corpus-, conduções coercitivas espetaculosas, vazamentos seletivos, prisões temporárias excessivas para forçar delações, e condenações sem provas, a Lava Jato servia de instrumento para a mídia monopolizada criminalizar o PT e viabilizar o impeachment. Mesmo assim, a presidenta Dilma, que nunca compactuou com a corrupção, em nenhum momento agiu para impedir qualquer investigação.
Daí porque um dos grampeados afirmar que, para conter a “sangria” das investigações em torno deles, era necessário depor a presidenta.
Um outro motivo para o golpe – talvez o mais importante – transparece nas primeiras medidas promovidas pelo governo usurpador, com Temer à frente e Eduardo Cunha manipulando os cordéis nos bastidores. Trata-se do programa regressivo antecipado no documento “Uma Ponte para o Futuro”, que enfrenta resistência e protesto dos partidos, movimentos e setores democráticos e populares.
Do cancelamento das 11.500 moradias do Minha Casa Minha Vida – Entidades, passando pela ideia de privatizar tudo o que for possível, chegando aos cortes na saúde, na educação, na reforma agrária, na Previdência – para citar apenas algumas maldades, o governo ilegítimo faz o serviço para o grande capital e seus aliados.
Como já ocorreu em outros momentos de nossa história, a classe dominante, sobretudo nos períodos de crise, não tolera por muito tempo governos democráticos e avanços das forças populares. Antes, eram os golpes militares; agora os golpes amparados no Parlamento, na mídia e em setores do Judiciário. Um e outro, golpes contra a democracia e a soberania popular.
Para nossa reflexão e enquanto nos mobilizamos para as manifestações da semana, que devem culminar no grande ato nacional do dia 10 de junho, vai aqui um trecho do livro “Buying Time – The Delayed Crisis of Democratic Capitalism”, de Wolfgang Streeck“, sobre o momento atual aqui e no mundo:
“Os cortes de despesas propostos afetarão essencialmente pessoas cuja baixa renda as torna mais dependentes de serviços públicos. O emprego será reduzido ainda mais, e os salários no setor público serão arrochados, o que será acompanhado de novas ondas de privatização, bem como de diferenças salariais mais amplas. O acesso aos serviços públicos universais – por exemplo, nos setores de saúde e de educação – será crescentemente diferenciado dependendo da capacidade de compra das diferentes clientelas. No conjunto, o corte de gastos e a redução dos níveis de atividade governamental reforçarão o mercado como principal mecanismo de distribuição de oportunidades na vida, estendendo e complementando o programa neoliberal de desmantelamento do estado de bem-estar”.
Rui Falcão é presidente nacional do PT