Prevenção à violência contra a juventude negra é objetivo do Governo

Você sabia que os jovens são vítimas de 53% dos homicídios cometidos no País; dos quais, 75% são negros? Estes números, subtraídos de um levantamento do Ministério da Saúde, revelam ainda que enquanto as mortes de jovens brancos caíram de 9.248, em 2000, para 7.065, em 2010, a morte de jovens negros cresceu de 14.055 para 19.255 no mesmo período. Essa constatação ascendeu o sinal de alerta do Governo Federal para a necessidade de elaborar um Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. A primeira etapa dessa ação, intitulada Juventude Viva, será lançada nessa quinta-feira (27/09), em Maceió (AL).

Em Alagoas, o programa irá complementar iniciativas que já estão em curso, como o Programa Brasil Mais Seguro, do Ministério da Justiça. A escolha do estado se justifica porque a capital, Maceió, ocupa o segundo lugar entre as cidades com o maior número de homicídios no País. Nesta etapa-piloto, o Juventude Viva também será testado em outras três cidades alagoanas: Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares. A meta do Governo Federal é, a partir da experiência inicial, estender a iniciativa para os 132 municípios mais violentos do País, que concentram mais de 70% dos homicídios registrados.

A nova política foi objeto do programa “Bom dia, Ministro”, desta quarta-feira (26), que contou com a participação dos ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da República, e Luiza Bairros, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Eles destacaram que uma das mudanças a serem realizadas pelo programa está no padrão de abordagem aos jovens negros da Polícia Civil e Militar.  “A forma de a polícia abordar o homem branco e negro é diferenciada. É preciso que haja uma reeducação da Polícia Militar e Polícia Civil para mudar o padrão de abordagem, que já chega suspeitando que o negro é bandido”, disse Carvalho.

“O que tem que fazer é um trabalho na linha do racismo institucional, verificar como determinados estereótipos e preconceitos racistas acabam determinando a forma como eles abordam diferentes tipos de população, e no caso da juventude negra, existe sempre uma tendência de associar o jovem negro ao bandido, ao criminoso”, afirmou a ministra, que falou sobre a importância também não criminalizar expressões culturais de jovens negros como funk, reggae, e hip hop.

Luiza Bairros indicou que dentre as outras iniciativas a serem desenvolvidas no Juventude Viva, estão: a adoção, pelas escolas estaduais, de aulas em período integral; a criação de espaços culturais em territórios violentos e o estímulo ao empreendedorismo juvenil, principalmente quando associado à chamada economia solidária. “A instalação de uma praça de cultura em um bairro de maioria negra faz toda a diferença para toda a população”, acrescentou.

A ministra ainda reconheceu que, nos últimos anos, houve uma melhoria dos indicadores sociais da população negra, mas advertiu para os milhões de jovens negros que estão fora da escola e do mercado de trabalho. “[A população negra acaba ficando] vulnerável às possibilidades de se envolver em situações violentas e que tem a vida pouco valorizada, já que não está inserida em nenhum tipo de rede social mais forte”, avaliou.

De acordo com o Mapa da Violência 2012, a soma de todos os mortos em conflitos armados em um conjunto de dez países, entre os quais estão Iraque, Índia, Israel e Afeganistão, é menor do que o total de homicídios ocorridos no Brasil no período de 2004 a 2007 (147.373 contra 157.332).

Voltado para jovens de 15 a 29 anos em bairros onde há predominância de negros, o programa será coordenado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República, e contará com a colaboração dos ministérios da Cultura, Educação, Saúde, Trabalho e Esportes.

Com informações da Agência Brasil e do G1

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