Rui Falcão: “A operação deveria se chamar Boca de Urna”A mais recente tentativa de desgastar a imagem do PT às vésperas das eleições municipais ocorreu nesta manhã, em São Paulo. A justiça do Paraná determinou a prisão preventiva do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, sob a acusação de que “teria” – veja bem, “teria” – pedido dinheiro a empresário para pagar dívida de campanha. “Foi uma desumanidade inaceitável. “A operação da PF não deveria chamar Arquivo X, mas sim Operação Boca de Urna”, declarou o presidente do PT, Rui Falcão, em entrevista para a Folha de S. Paulo. O recente espetáculo pirotécnico seguiu o scritp usado pela turma da 13ª Vara Federal da justiça, comandada por Sérgio Moro. As perguntas que não querem calar e que não foram, mais uma vez, respondidas pelos astros televisivos do Ministério Público Federal, é o motivo da prisão, já que Mantega jamais, jamais se recusou a depor – fez isso inclusive – e não oferece qualquer risco à sociedade. Mas não. A PF foi à sua casa. Ele não estava. Mantega estava no Hospital Albert Einstein acompanhando sua esposa, que seria submetida a uma cirurgia por conta de na sua luta contra o câncer. Estranhamente e ordinariamente, nas últimas semanas, os procuradores e o juiz Moro incorporaram mais uma vez o papel político para trabalhar o desgaste da imagem do PT. Primeiro, os procuradores denunciaram Lula alegando que não tinham provas, mas convicção. Segundo, o juiz Moro aceitou a denúncia que seria declarada inepta por alguém devidamente comprometido com a Justiça com “J” maiúsculo. Veja o que escreveu o juiz Moro com letra minúscula: “Juízo de admissibilidade da denúncia não significa juízo conclusivo quanto à presença da responsabilidade criminal”, escreveu em seu despacho. É por essas e outras que na manhã desta quinta-feira (22), o comentarista do dia do Programa Democracia no Ar, da Rádio Democracia, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães afirmou que o Supremo Tribunal Federal está acovardado diante de um juiz que está rasgando diuturnamente a Constituição Federal e os princípios basilares do estado democrático. Sem falar, obviamente, das instituições. Por isso Rui Falcão, na entrevista à Folha, disse estar revoltado com as circunstâncias pelas quais Mantega foi preso. “O estilo de arbitrariedade e violação de direito da força tarefa da Lava Jato é insuportável”, disse ele ao jornal. “Não é possível que as pessoas suportem esse tipo de violência. Ele é ex-ministro, tem endereço fixo, já foi feita uma busca e apreensão na casa dele e ele não fugiu. Apurem o que quiserem, mas isso não é aceitável. A maneira como é feita [a prisão] é midiática, faz parte do espetáculo”, acrescentou. Comprovando o exagero e a arbitrariedade da ação dos integrantes da Operação Lava Jato, o advogado Walter Fanganiello Maierovitch se manifestou pelas mídias sociais para lembrar que prisão cautelar só pode ser imposta em caso de necessidade. Caso contrário, essa custódia vira antecipação de julgamento. “Sem entrar no mérito da irrogada negociata (Mantega teria solicitado 5 milhões para pagamento de dívida de campanha do PT), não dá, por fato de 2012, para prender um ex-ministro, com domicílio certo. Mais ainda, a acompanhar cirurgia da esposa em hospital. Ainda não conheço o teor da decisão judicial impositiva da prisão, mas me parece exagerada, desproporcional, desnecessária”, disse Maierovitch. Marcello Antunes, com informações da Folha de S. Paulo Leia mais: Bancada do PT no Senado recebe com indignação notícia da prisão do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega