Não bastasse o avanço sobre os direitos garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o mais recente ataque da classe empresarial é sobre a carga horária dos trabalhadores brasileiros. A nova empreitada foi encampada pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade que, em uma reunião com empresários, na semana passada, apoiou o aumento da carga horário de trabalho. Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), propostas como essa são um massacre em cima do povo pobre.
A proposta do presidente da CNI de mexer na carga horária de trabalho no Brasil teve como base a decisão da França de ampliar a jornada de 35 horas para até 60 horas semanais. Andrade, porém, afirmou que esse reajuste foi para 80 horas semanais, deixando subentendido ser favorável a uma mudança ainda mais radical. Com a repercussão negativa da declaração, voltou atrás e “reduziu” a “apenas” 60 horas.
“Antes a gente já tinha falado que o governo Temer quer é rasgar o legado do Lula, do Ulysses Guimarães e de Getúlio Vargas. Está querendo rasgar a CLT. Nesse final de semana, com essa proposta de 80 horas (semanais), a gente diz: eles querem rasgar o legado da princesa Isabel também, porque é uma proposta de escravização dos trabalhadores brasileiros”, denunciou Lindbergh, em discurso ao plenário nesta segunda-feira (11).
Ele listou ainda um “conjunto de maldades” do governo tampão, como a ideia de que prevaleça a negociação caso a caso entre patrão e empregado sobre o que está previsto na CLT e a desvinculação entre os valores dos benefícios previdenciários e os do salário mínimo vigente.
“É a esse tipo de ajuste que a gente está se contrapondo, a esse conjunto de maldades contra os mais pobres, como se o problema do desajuste fiscal fosse o fato de que 70% dos trabalhadores aposentados ganham um salário mínimo”, criticou Lindbergh.
A terceirização é outro exemplo de ataque aos direitos. Isso porque, de acordo com o senador petista, funcionários terceirizados têm uma jornada maior de trabalho, além de salários 24,7% menores do que aqueles que têm carteira assinada. Mesmo sendo tão abusiva, a proposta é uma prioridade para o governo interino, segundo já falou o ministro provisório da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Mesmo com tantos retrocessos para trabalhadores e aposentados, a ideia dos golpistas é não mexer nos ganhos dos mais ricos, segundo Lindbergh. “Cadê a conta para o andar de cima? Alguém viu aqui alguma proposta de tributar os mais ricos, as grandes fortunas? Não, nenhuma proposta”, criticou.
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