PT e senadores anti-golpe convocam Eliseu Padilha para explicar intenção de abafar a Lava Jato

PT e senadores anti-golpe convocam Eliseu Padilha para explicar intenção de abafar a Lava Jato

Padilha: você viu o HD por aí?Após apoiar e consumar o golpe contra os 54 milhões de votos obtidos por Dilma Rousseff, os senadores pouco ou nada se importavam, na retomada dos trabalhos na segunda-feira (12), com o fato de que, apenas três dias antes, o ex-advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, havia sido exonerado por seu interesse sobre colegas ministros enrolados na Lava Jato. Menos ainda movia os senadores a inflamados discursos, como se viu nos últimos anos, a cada denúncia bombástica trazida na capa da revista Veja que, nesta semana, traz Medina Osório denunciando que o governo de Michel Temer tem como um de seus principais objetivos “abafar a Lava Jato”. Esses senadores continuam com dois pensamentos únicos: o teto dos gastos da União, que vai limitar os investimentos em saúde e educação para os próximos 20 anos, apesar população continuar crescendo; e a reforma trabalhista e previdenciária que tenta impor jornada de trabalho de doze horas e extinguir garantias que protegem o trabalhador desde a década de 1940, com a criação da CLT.

Ante o mutismo dos colegas que antes se mostravam indignados em repetidos pronunciamentos, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), pouco antes do término da sessão, anunciou medidas concretas apresentadas pelo partido e por vários senadores que se opuseram contra o golpe. Todos querem informações que tentem esclarecer as nebulosas condições em que seu deu a demissão do ex-advogado-geral da União. 

Os requerimentos de informações dirigem-se ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e à nova advogada-geral da União, Grace Mendonça, para que expliquem as circunstâncias em que se deu a demissão de Osório Medina; convidam o demitido a detalhar as denúncias que fez à revista, além de pedidos de convocação para que Padilha e Grace Mendonça expliquem aos senadores suas participações nos fatos que levaram à demissão do ex-advogado-geral.

Fábio Medida Osório, como foi noticiado na sexta-feira (09) à tarde, foi demitido por Eliseu Padilha, em diálogo ríspido. O demitido exigiu que sua demissão fosse confirmada pelo usurpador Michel Temer, o que acabou acontecendo, por telefone, horas depois.

De acordo com a fundamentação da representação levada ao Ministério Público Federal, assinada por todos os senadores da bancada do PT; pelo líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA); pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM); pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), pede-se providências contra essas graves denúncias envolvendo o número dois do governo de Michel Temer, Eliseu Padilha e a número um atual da AGU.
 
Fábio Medina Osório acusou Grace de receber orientação de Padilhapara impedir que o então advogado-geral da União jamais tivesse acesso a documentos da Lava Jato, que haviam sido pedidos e concedidos pelo STF, desde 20 de agosto passado A Supremoa Corte atendeu ao pedido com a eecomendação à AGU de que fossem feitas cópias dos inquéritos em um disco digital, um HD.
Apesar da boa vontade do Supremo, o HD com as provas gravadas nunca chegou às mãos do então advogado-geral. Nele, se encontravam as provas de 12 inquéritos da Lava Jato em fase avançada de apuração. Medina Osório pretendia ajuizar ação de improbidade administrativa contra os envolvidos e, se necessário, requerer a indisponibilidade de seus bens. Seus olhos nunca viram o tal HD, porque, segundo denunciou, a auxiliar encarregada não conseguia encontrá-lo. Nome da auxiliar: Grace Mendonça, a mesma que hoje senta em sua cadeira.

A Grace não faltaram desculpas esfarrapadas para impedir que os documentos chegassem ao então advogado-geral da União,inclusive a de não havia dinheiro disponível para comprar o disco. Detalhe:pode-se comprar um HD de marca por até R$ 200. 
Grace foi escolhida pessoalmente por Padilha para substituir Medina Osório, certo de que ele aceitaria a degola em silêncio. Mas se enganou. Osório Medina caiu atirando – e quer falar mais sobre os aliados do governo golpista que estão envolvidos até o pescoço na Lava Jato, sem enffrentar nenhum tipo de aborrecimento ou constrangimento.
Padilha manteve-se na muda desde que as denúncias de Osório Medina se tornaram conhecidas. Mas, agora, se os requerimentos forem aprovados, ele não poderá se recusar a dar explicações aos senadores. Se o fizer, incorrerá em crime de responsabilidade
Grace Mendonça também também tem  muito a dizer e se explicar. O requerimento que a convoca para esclarecimentos quer saber, por exemplo, quantas vezes reuniu-se com Eliseu Padilha para tratar da Lava Jato, além de querer saber o que ela, como chefe da Advocacia Geral da União, pretende responsabilizar agentes políticos que apoiam os golístas por atos de improbidade administrativa revelados pela Lava Jato. Mai: ela respondia a ordens de Padilha ou do próprio Michel Temer, para evitar que Osório Medina nunca tivesse acesso ao misterioro HD? 
Padilha terá ainda de responder sobre o papel da Casa Civil na assistência ao presidente da República, em relação às orientações dadas ao ex-advogado-geral da União sobre o que deveria ser feito em relação às informações da Lava Jato, e se foi ele ou o próprio Michel Temer que atuou para que ex-advogado-geral da União jamais ter tido acesso a elas. 

To top