O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – Sr. Presidente, Sras e Srs. Parlamentares, hoje eu venho a esta tribuna para tratar de uma acusação lamentável feita pela imprensa, por alguém que o Brasil inteiro passou a conhecer – também, lamentavelmente –, e foi julgado, condenado, na maior condenação feita pelo STF. Digo aqui das acusações feitas pelo Sr. Marcos Valério ao ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Eu tive o privilégio de conhecer o Presidente Lula ainda eu muito jovem, e tive o privilégio de conviver com ele durante muitos momentos, não só agora, quando foi Presidente da República, mas também ainda nas origens do Partido dos Trabalhadores, ali por volta de 1980, 1982, 1984. É uma pessoa que dedicou toda a sua vida até agora às causas dos trabalhadores e do povo brasileiro, alguém que se revelou uma pessoa com uma história de vida hoje inclusive contada em filmes, e mostrando uma trajetória vitoriosa. O simples fato de ter sobrevivido na infância já é uma vitória, pela região onde ele morava. Alguém que depois vai para São Paulo, enfrenta a vida.
Ali se revela umas das maiores lideranças do Planeta no movimento sindical, conformado não apenas em dirigir o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, mas em colocar para os trabalhadores do Brasil a oportunidade, mesmo quando ainda era proibido, de organizar uma central única dos trabalhadores. Hoje, já são várias centrais, mas, na época, isso era uma novidade no Brasil. A CUT, a Central Única dos Trabalhadores, passou a colocar, na ordem do dia, pautas que hoje estão na Constituição brasileira e em várias leis, assegurando direitos reais ao povo trabalhador.
Mais do que isso, depois como Deputado Federal, teve um importante papel aqui no Congresso Nacional, na Constituição de 1988. O Presidente, colocado como Presidente do Partido dos Trabalhadores, viajou pelo Brasil inteiro. Eu diria que são raros os brasileiros, provavelmente é possível não encontrar nenhum, que conheçam o Brasil, cada Estado, as diversas regiões, os diversos problemas, como o Presidente Lula.
E talvez isso tudo fosse uma preparação para esse momento que ele viveu logo em seguida, eleito Presidente da República, após três eleições, em 1989, no ano de 1994 e depois em 1998, sendo derrotado. No ano de 2002, tive o privilégio de ser eleito governador do Estado do Piauí, no momento em que ele era eleito Presidente da República.
Eu creio que é possível adversários terem divergências sobre vários pontos, mas é inegável desconhecer o papel de Luís Inácio Lula da Silva neste País. E cito apenas, de forma muito simples, o que era o Brasil em todas as áreas que possamos analisar, a começar pela soberania do País, um país que tinha que recebe a cada ano aqui a presença do Fundo Monetário Internacional, como agora a gente assiste. E, com a experiência que temos, sabemos o quanto estão sofrendo países como a Grécia e outros países que também são importantes no Planeta, por toda a sua trajetória, por toda a sua história.
E o Brasil, hoje, ser respeitado mundialmente inclusive como um País que é credor do Fundo Monetário Internacional.
O que era a política social? Hoje nós temos a maior rede de proteção social dos países do mundo. A economia, a economia, a economia que coloca, numa crise como esta que estamos enfrentando desde 2008, o Brasil, ano a ano, gerando emprego, o Brasil ora mais elevado, ora menos elevado, mas com crescimento. Cito essas coisas para revelar a genialidade de Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas eu queria, ao dizer tudo isso, tocar naquilo que mais me orgulha nesse brasileiro. É um homem honesto, é um homem decente. É uma pessoa de quem eu acho que este País tem razões de sobra para se orgulhar. E assim é respeitado no mundo inteiro.
É por essa razão, que eu quero aqui, também na mesma linha da Presidenta Dilma Rousseff, do Presidente do meu Partido, Rui Falcão, me somar a tantos brasileiros que lamentam que a gente tenha espaços que são dados, sabe Deus com que intenções, para pessoas como Marcos Valério fazerem acusações a alguém como Lula.
Estou aqui por tudo que conheço. Para dizer da confiança que tenho, da confiança, não apenas por ouvir falar, mas de conviver e dar este depoimento. Depoimento sobre alguém que, com todas as oportunidades que teve na vida, vindo de onde ele veio, se mantém simples, simples. Ele, a Dª Marisa, os seus filhos, agora os netos. Enfim, uma pessoa que tem uma vida simples. Alguém que nunca mudou seus hábitos. Alguém que não tem ganâncias por patrimônio, desapegado mesmo de bens materiais. Uma pessoa, portanto, que eu diria, pelas benções de Deus, é um orgulho do povo brasileiro.
Eu creio, e digo aqui, que nós precisamos ter um cuidado muito grande. Afinal de contas, na vida, o momento em que nós vivemos, na política, nós podemos ter divergências, sim, e temos divergências porque temos democracia, e temos democracia também porque esse homem ajudou na construção de um País com essa ampla liberdade, com essa ampla democracia. É por essa
É por essa razão que estou aqui na defesa, sim, de Luiz Inácio Lula da Silva que, aliás, não precisa de defesa. A sua própria história, a sua própria vida é a maior defesa que tem a seu favor.
Com maior prazer, Senador Humberto Costa.
O Sr. Humberto Costa (Bloco/PT – PE) – Senador Wellington Dias, eu quero agradecer o aparte e dizer a V. Exª que eu me somo integralmente com o discurso que V. Exª faz neste momento de defesa do Presidente Lula, do seu legado político, da sua trajetória, de tudo o que ele fez por este País e quero também, aqui, registrar, com absoluta e total convicção, a mesma coisa que V. Exª registrou. O Presidente Lula é um homem de bem, é um homem honesto. Eu tive oportunidade de ir à casa do Presidente em janeiro deste ano, eu e o Senador Jorge Viana, e ele vive de uma forma absolutamente simples, um apartamento de classe média. O Presidente Lula, como disse V. Exª, nunca teve uma postura patrimonialista ou estimulou qualquer tipo de ato de corrupção. O que parece é que há uma antecipação das eleições de 2014, uma tentativa de atingi-lo, uma tentativa de atingir o próprio PT que já sangrou, já pagou por vários erros que foram cometidos e, agora, a tentativa é de quebrar a imagem, de manchar o Presidente e o respeito que o povo brasileiro tem por ele. Então, quero parabenizar V. Exª e dizer que nós estaremos na trincheira para impedir que essa imagem venha a ser maculada. Muito obrigado.
O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – Eu agradeço a V. Exª e com prazer ouço o Senador Lidbergh Farias.
O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT – RJ) – Senador Wellington Dias, quero parabenizar V. Exª pelo pronunciamento. Quero dizer que sou o próximo a subir à tribuna e também vou falar sobre Luiz Inácio Lula da Silva, o orgulho que nós temos desse grande brasileiro. Então, não vou antecipar o meu discurso, mas quero parabenizar V. Exª por subir a esta tribuna para defender o nosso Presidente, o seu legado, a sua história, a transformação que ele fez nesse nosso País. Então, só parabenizo porque, logo após V. Exª, vou subir à tribuna com o mesmo propósito.
O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – Eu agradeço e, aliás, sei que V. Exª, como eu também, o conheceu ainda um menino, ainda muito jovem. Quantas vezes – eu quero apenas com esse depoimento – Senadora Ana Amélia, Senador Jayme Campos, temos o privilégio
temos o privilégio de ter aqui também o ex-ministro, ex-deputado federal João Henrique Sousa, do meu querido Estado do Piauí, que nos honra com sua presença.
Lembro-me ainda, no início do meu mandato de governador, de gozar do privilégio de poder jantar com ele e com D. Marisa, juntamente com outros companheiros, na época também governadores, e ali o Jorge Viana, me parece que o Marcelo Déda, o Eduardo Campos. E ali, naquele instante, ele dizia uma coisa interessante, mostrava a importância de termos cuidado com a família.
Ao passar por um mandato de governador, ele, de Presidente, o cuidado para compreendessem que aquilo era uma passagem, aquilo tinha começo, meio e fim. Quatro anos. E, a partir dali, a vida normal, o padrão normal de vida. E ele nos aconselhando exatamente para que pudessem filhos, filhas nunca imaginarem que os encantamentos de um palácio de governo fosse base para um padrão de vida, mostrando a importância de nos prepararmos, de estarmos preparados para após o mandato. Tive o privilégio de conversar com ele depois, ele repetindo exatamente isso.
Então, quero aqui chamar a atenção, porque acho que é alguém que tem, eu diria hoje, todo um carinho, todo um amor, toda uma relação criada com o povo brasileiro.
Destaco aqui as caravanas onde ele, de ônibus, de trem, de canoa, de barco, muitas vezes até montado em cavalo, enfim, fez questão de conhecer os rincões do Brasil em cada Estado. Acho que essa foi a maior escola que ele teve na vida. Alguém que não teve, no tempo adequado, as condições de educação, como muitos brasileiros, mas que teve ao seu lado os maiores especialistas deste País, e, principalmente, com uma capacidade intuitiva e de absorção de conhecimento espetacular alcançou as condições de ser presidente do Brasil, com um pé no chão, tratando de cada obra, de cada coisa a ser feita no Brasil como alguém que sabia exatamente onde aquilo ia acontecer e qual era o efeito.
Então eu quero aqui, com estas palavras, me somar aos milhares de brasileiros, dos mais simples aos intelectuais, que neste instante também manifestam
Enfim, que nesse instante, também manifestem solidariedade ao nosso Presidente.
Quero, aqui, repetir, acho que o Presidente Lula não precisa de defesa, a sua história é a maior defesa que ele tem para ataques como esse que, lamentavelmente, ocorrem.
Para encerrar, ouço aqui, com muito prazer, o Senador Eduardo Suplicy.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Cumprimento o Senador Wellington Dias por suas palavras. Quero dizer que pude conhecer o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por volta de 1975, quando, certo dia, telefonei para ele para conversar sobre alguns assuntos que eram importantes. Ele começava a se destacar na Presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e de Diadema – assim se chamava à época –, e, em 1976, certo dia, na Fundação Santo André, eu havia sido convidado para realizar uma palestra e, ali, havia um assessor do Presidente do Sindicato, que era aluno de Economia e perguntou: “Você não quer assistir a uma palestra, lá, do Professor Suplicy, aquele que escreve na Folha?”. E o Presidente Lula veio à palestra e, naquele momento, quando eu abria a possibilidade de questões para todos e o Presidente do Sindicato, então, levantou a mão e formulou observações e perguntas. Quando ele terminou, o professor disse: “Mas o que é que o diretor da faculdade vai dizer na hora que souber que está aqui presente um perigoso líder sindical?”. E o Presidente Lula ficou um pouco assim, sem jeito, e achou melhor sair da classe e, então, acabei de responder a todas as perguntas e mencionei – especialmente naquela época em que os Ministros da área econômica recebiam e conversavam sempre com os empresários, mas, muito e raramente, recebiam os trabalhadores – o quão importante era para eles, que se tornariam economistas, na hora de tomar decisões de política econômica, estarem sempre conversando, não apenas com os empresários, mas também com os trabalhadores que seriam, obviamente, objeto das consequências daquelas decisões. Daí, acabei de responder às perguntas e, posteriormente, saí da escola. No pátio, estavam, ao lado de Lula, Devaney Ribeiro e outros, além de Osvaldo Cavinato, que era o aluno daquele 4º ano e que, até hoje, é assessor do Dieese junto àquela direção dos metalúrgicos. E o Lula disse a mim: “Ah, Eduardo, vamos conversar mais! Venha ao Sindicato, visite-nos!” E ali se iniciou uma relação, desde 1976 até hoje, de interação de conhecimento. Conforme V. Exª, eu tive oportunidade de participar das inúmeras Caravanas da Cidadania e de tantas reuniões, assim como também participei em Acauã e Guariba, ao lado de V. Exª, quando, no início de 2003, por volta de fevereiro ou março, foi lançado o primeiro Programa Fome Zero, o Cartão Alimentação, que, depois, se tornou parte do Bolsa Família. Eu quero aqui dar o meu testemunho no conhecimento de tantas ocasiões em que, em todas as vezes em que tive a oportunidade de interagir com o Presidente Lula, ele sempre me disse: “Para nós do PT, a ética é fundamental.” Então, no conhecimento que eu tive, na interação de muitos anos ao lado dele, nunca vi qualquer ação que pudesse estar ferindo a ética, de tal maneira que eu, pelo menos, posso dar o meu testemunho em tantas vezes que interagi com o Presidente Lula. Portanto, quero, aqui, comungar com o sentimento de V. Exª e espero que todas essas questões sejam dirimidas, esclarecidas, inclusive com a colaboração do próprio Presidente Lula e de todos aqueles que, com ele, interagimos ao longo dessas décadas de mais de 32 anos de história do Partido dos Trabalhadores, pelo fato de eu ter interagido com o próprio Presidente Lula e outros, desde os idos dos anos 70, é que, quando chegou em 1979, quando o Presidente Geisel extinguiu Arena e MDB, vieram alguns amigos dizer a mim, líderes sindicais e intelectuais, “nós gostaríamos que você também ingressasse no nosso partido por ocasião da fundação”.
Por isso que, em 10 de fevereiro de 1980, eu participei da fundação do Partido dos Trabalhadores.
Meus cumprimentos.
O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT – PI) – Eu agradeço, e, com certeza, o depoimento de V. Exª ele aqui é relevante, porque certamente V. Exª, inclusive, conviveu bem mais, por morar em São Paulo, por ter estado já muitos anos na direção do partido e ser um dos fundadores, e também como uma pessoa que nos orgulha muito. Eu disse aqui há poucos dias do orgulho também que temos, todos nós brasileiros, independentemente de partido e de divergências de uma pessoa como V. Exª.
(Fora do microfone: Eu quero aqui só concluir, Sr. Presidente.)
Apenas para concluir, Sr. Presidente, primeiro lhe parabenizando pelo seu aniversário, nessa data importante, e por estar hoje, exatamente quando está aniversariando, e é uma honra, sei, para o povo do Acre, por uma conjuntura que é muito rara, da ausência da Presidência da República, do Vice-Presidente, do Presidente da Câmara do País, V. Exª também está hoje como Presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal. E isso também para mim é uma alegria muito grande.
Mas, para finalizar, o que eu quero dizer é isso: o meu partido ele é feito de seres humanos, tem hoje cerca de 2 milhões de filiados e, certamente, são pessoas que têm as mais diferentes posições e histórias de vida. Mas devo dizer que qualquer um que entrou nesse partido e que ouviu Luís Inácio Lula da Silva tem a obrigação de caminhar pela ética, pela decência, porque é isso que ele sempre pregou e fez. A sua história de vida, o fazer é, eu diria, uma grande moral.
Por essa razão que, reconhecendo que qualquer pessoa pode denunciar, mas não poderia me calar em vendo uma situação como essa, e concluo dizendo uma frase, porque essa mesma tentativa de manchar a história do Lula, já ocorreu
neste País várias vezes. Talvez a mais forte, por uma questão eleitoral, ocorreu por volta de 2005/2006.
E eu me recorro a uma frase e sei que faço aqui não em meu nome, mas em nome de milhões de brasileiros – sim, é verdade, sou do Partido do Presidente; é verdade, sou quase um conterrâneo nordestino dele; também, é verdade, sou um amigo, falo aqui como cidadão, mas também revelo que sou um amigo –, a frase que o Brasil inteiro ouviu é exatamente essa: o Lula é meu amigo, mexeu com Lula, mexeu comigo.