Um agravante da situação dos empregados do setor, segundo Benito, foi a comunicação, por parte da empresa QGI, que, recentemente, abdicou dos contratos para construção das plataformas de exploração de petróleo – P-75 e P-77 – da Petrobras, por, “falta de comprometimento de alguns diretores que deixaram de cumprir, além do contrato, o pagamento de serviços feitos”.
“Só gostaria de lembrar que, quando se diz que uma empresa é corrupta, estão se esquecendo de funcionários, de trabalhadores que não são corruptos, de engenheiros que não são corruptos, daquela senhora que trabalha no cafezinho e não é corrupta, do soldador, do ajudante que não é corrupto de toda a classe trabalhadora e de toda a sociedade que vive de forma direta e indireta em torno da empresa que não são corruptos e adoram a Petrobras”, leu Paim.
Na sequência, o presidente do Stimmmerg, indaga em sua carta enviada ao senador. “é justo deixar esses seres [homens e mulheres], dignos e sofridos, desempregados pela incompetência de algumas pessoas?”, questiona. “As empresas e os seus diretores podem ser punidos por estarem envolvidos, mas o nome da Petrobras – diz ele – não pode ser maculado, ferido, atingido, arrolado por conta de alguns que erraram. Quem errou que pague, e não a nossa querida Petrobras”, emendou.
Ainda de acordo com Benito, sua mensagem ao senador Paim não se resume apenas à defesa da Petrobras, mas, de toda uma sociedade que acreditou na retomada do setor naval, que se qualificou, investiu, até mesmo, vendendo objetos pessoais para ter uma oportunidade para trabalhar na Petrobras.
O senador anunciou que, na próxima sexta-feira, dia 27, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, vai receber, no Palácio do Planalto, uma comitiva do Rio Grande para tratar do assunto. Esse grupo, de acordo com Paim, será composto por representantes das entidades sindicais e lideranças políticas.
Emocionado, o senador Paulo Paim enfatizou que não consegue se afastar de suas raízes, cravadas na luta dos trabalhadores, dos aposentados e de todos os discriminados. “Eu venho do chão da fábrica, por isso, te entendo muito bem, Benito, eu sei o que é chegar com ferro quente, derretido nas fundições. Eu sei o que é o calor do fogo, da solda. Eu sei o que é ficar com os olhos vermelhos, não pelo choro, pela emoção, mas o olho vermelho pelo reflexo da solda, do fogo que ela irradia”, disse. “Eu sei o que é o som da batida do martelo-de-tonelada nas forjarias. Eu sei o que é a vida de cada operário, de cada trabalhador. Isso faz parte da minha vida, da vida deles. E essa defesa eu farei sempre, e não abro mão”, salientou.