Todas essas definições cabem na nova senadora da bancada petista Regina Sousa (PI). Em seu primeiro discurso ao plenário do Senado, nesta quarta-feira (11), ela se apresentou aos colegas de parlamento da mesma maneira simples, objetiva e direta com que conduz sua vida: cabelos presos, nenhuma maquiagem e a segurança de quem sabe que tem muito a aprender e a certeza de quem acredita no que defende.
Lembrou sua história de menina simples, do interior do Piauí, que aprendeu a lidar com a terra ainda criança, com seus pais, que também lutaram para mantê-la na escola. Da escola, saiu professora. Também atuou como funcionária do Banco do Brasil, onde conheceu e conviveu com aquele que considera seu grande companheiro de lutas no movimento sindical: o atual governador do estado, Wellington Dias, a quem sucede na bancada. Regina era a primeira suplente do governador recém-eleito.
Mas, para quem espera ver na nova senadora uma continuação de seu “mentor”, ela deixou um recado logo no início de sua apresentação: “Desde já quero prevenir: não procurem o Wellington Dias em mim, não vão achá-lo. Ele é único, desenvolveu um talento prodigioso pela política, o que o levou a ser vereador, deputado estadual, deputado federal, governador duas vezes, senador e agora, de novo governador”. E, assumindo não ter experiência com o parlamento, esclareceu logo na chegada: “Minha arena sempre foi a rua, os movimentos sociais, tendo como única interrupção o exercício do cargo de secretária de Estado da Administração nos dois governos de Wellington Dias”.
A nova senadora contou como aprendeu a lidar com injustiça e com os desmandos dos senhores de terras ainda muito cedo: “Foi observando o que acontecia com meus pais que, menina ainda, compreendi a necessidade da reforma agrária, expressão que aprendi com um irmão da minha mãe, militante das ligas camponesas através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade de União, minha terra natal”, relatou.
Feita senadora, disse que assume o desafio disposta a debater temas como direitos humanos, educação e meio ambiente. E garantiu que não vai arredar pé de defender um partido em que acredita firmemente. “Um partido que hoje é massacrado, vítima de uma armação para destruí-lo. Que cometeu erros sim, os mesmos erros que muitos cometeram e cometem e ficam posando de vestais”, declarou.
Lembrando o capital social acumulado em 35 anos de história, disse que o PT tem raízes fincadas em meio ao povo “que era invisível” e que foi colocado na posição de protagonista de sua história pelos governos petistas.
Afirmou ainda que, embora não use maquiagem, está pronta a se pintar para a guerra, se for necessário, para defender suas causas
A nova senadora foi saudada com carinho pelos parlamentares petistas em plenário. Gleisi Hoffmann (PR) disse que o pronunciamento de apresentação de Regina já demonstra suas posições firmes. “A senhora mostra a que veio”, comemorou a parlamentar paranaense.
Ângela Portela também saudou a nova companheira: “Professora como eu, representante do povo humilde do Piauí” e disse estar ansiosa pelos debates de que participarão, especialmente na Comissão de Educação ,da qual ambas fazem parte.
Paulo Paim lembrou que a entrada de Regina Sousa na primeira reunião de bancada desta legislatura.” A senadora já começou falando na questão social dentro do partido e lembrando nossas raízes como partido e nosso compromissos com as pessoas mais simples”.
O também piauiense Elmano Ferrér (PTB), descreveu sua convivência com a conterrânea e a definiu assim: “Sou testemunha de sua história. Ela é uma brilhante líder sindical com construiu a sua história junto aos trabalhadores do Piauí. É um exemplo de mulher digna, trabalhadora e feminista e um símbolo das mulheres do nosso país”.
Giselle Chassot