Chico Mendes é reconhecido na história |
Reconhecido na história recente do País como o maior defensor das florestas brasileiras, Chico Mendes teve seu nome mais uma vez aclamado na noite desta quarta-feira (12). Em votação simbólica, o plenário do Senado Federal aprovou o projeto (PLC 95/2013) que garante a Chico Mendes o título de Patrono do Meio Ambiente Brasileiro. A proposta, já aprovada na Câmara dos Deputados, segue a promulgação.
O senador Aníbal Diniz (PT-AC), representante do estado no qual Chico Mendes nasceu e se criou e de onde conseguiu reverberar seu projeto de desenvolvimento sustentável – antes do termo ser vulgarizado –, destacou que o reconhecimento do Senado pela a vida e obra de Chico Mendes ocorre às vésperas dos 25 anos de sua morte. “Tendo o Senado Federal aprovado, agora, o PLC nº 95, que institui Chico Mendes, o ambientalista Chico Mendes, como Patrono do Meio Ambiente do Brasil, significa que esta Casa está absolutamente sintonizada com este momento”, afirmou.
Aníbal, assim como o senador Jorge Viana (PT-AC) e o atual governador acreano Tião Viana, tiveram a oportunidade de conviver com Chico Mendes e tiveram sua trajetória política influenciada pelos ideias do ambientalista: promoção da igualdade social e o desenvolvimento econômico em um perfeito entrelaçamento com o equilíbrio do meio ambiente. “Chico Mendes defendia o progresso, defendia o desenvolvimento, defendia a distribuição da riqueza e a preservação da natureza. Então, é uma figura emblemática”, recordou o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).
Em nome da autora do projeto, deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), o senador João Capiberibe (PSB-AP), com que é casado, agradeceu a aprovação do PLC 95. “Nós todos, certamente, passaremos algum dia, mas Chico Mendes vai ficar. Chico Mendes será lembrado daqui para frente, pelo futuro afora, como aquele que imolou a sua vida em defesa da floresta, em defesa dos seringueiros, em defesa da vida neste Planeta. Portanto, Chico Mendes veio para ficar. O Brasil, fazendo de Chico Mendes o seu patrono, vai perpetuá-lo na história do País e na história do mundo”, afirmou.
Sessão especial
Um novo ato de homenagem a Chico Mendes será realizado na próxima segunda-feira (16). O Congresso Nacional se reunirá às 11h para recordar os 25 anos da morte do ambientalista, conforme recordou o senador Aníbal Diniz.
Chico Mendes foi assassinado na porta de sua casa, localizada no município de Xapuri (sudeste do Acre), no dia 22 de dezembro de 1988 – exatamente uma semana após o seu aniversário de 44 anos. Os mandantes de sua morte não imaginavam, por certo, que sua voz continuaria soando alto e inspirando todos que lutam pela defesa do meio ambiente e dos povos da Floresta Amazônica.
Perfil
Filho de migrantes cearenses, Francisco Alves Mendes e Maria Rita Mendes, Francisco Alves de Mendes Filho, conhecido em todo o mundo por Chico Mendes, começou no ofício de seringueiro ainda criança. Aos 10 anos de idade, acompanhando o pai em excursões pela mata, trabalhava na produção de borracha nas florestas de Xapuri. Só aos 18 anos, por esforço próprio, alfabetizou-se. E foi a partir daí que tornou-se um homem dedicado à organização sindical dos seringueiros.
Em 1976 participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos “empates” – manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Um ano depois se elegeu se elegeu vereador em sua cidade natal e ampliou sua participação em diversas organizações sindicais e políticas, transformando suas ideias em uma plataforma abrangente de ações concretas, aí incluída a criação de reservas extrativistas. Também foi nessa época que começou a receber suas primeiras ameaças de morte.
Por volta de 1979, Chico Mendes se aproximou de Lula e participou ativamente da fundação do Partido dos Trabalhadores e foi um de seus dirigentes no Acre. Ele fez de sua bandeira política a luta dos seringueiros pela preservação ambiental. Chico Mendes formou uma aliança entre sua gente e os índios amazônicos, o que persuadiu o governo a criar reservas florestais para a colheita não predatória de produtos como o látex e a castanha do pará.
Obteve, com isso, um efetivo reconhecimento nacional e internacional, que se traduziu em prêmios como o Global 500, concedido pelas Nações Unidas, em 1987, e no convite para prestar depoimento no Senado dos Estados Unidos.
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