Foto: Ricardo StuckertCarlos Mota
21 de novembro de 2016 | 13h32 | Atualizada às 18h30
Senadores e deputados do PT e do PCdoB protocolaram, na Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta segunda-feira (21), uma representação pedindo o afastamento do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Os parlamentares querem que sejam apurados possíveis crimes cometidos pelo peemedebista, com base na denúncia do ex-ministro Marcelo Calero de que Geddel usou do cargo para conseguir vantagens pessoais.
Calero pediu demissão da pasta da Cultura na sexta-feira (18). Segundo reportagem da Folha de S.Paulo no sábado (19), o motivo foi a pressão do ministro da Secretaria de Governo para a liberação de um imóvel de luxo. Calero disse que Geddel o procurou cinco vezes, por telefone e pessoalmente. O objetivo, de acordo com o ex-ministro, era fazer pressão para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), subordinado ao Ministério da Cultura, revisse a decisão de suspender as obras do projeto imobiliário “La Vue Ladeira da Barra” e pedir a readequação do projeto – reduzindo de 30 andares, como consta na proposta inicial, para no máximo 13.
Os parlamentares afirmam que Geddel se utilizou do cargo público para patrocinar interesse pessoal. Outra acusação é de que o ministro de Temer exigiu uma vantagem indevida a Calero. Ambos os atos são crimes, segundo o Código Penal, com penas previstas entre três meses e oito anos de detenção.
Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), pelo que afirmou Calero, o presidente da República já tinha conhecimento, há vários dias, do tipo de advocacia administrativa exercida por Geddel, em proveito próprio, dentro do governo. “Ou seja, estaria caracterizado um crime de prevaricação por parte de Temer. O que se vê no Executivo é que Temer resiste em demitir Geddel, que não tem condição moral e política para permanecer no cargo”, criticou o senador petista.
Humberto disse ainda que outras medidas contra Geddel também estão sendo avaliadas e podem ser apresentadas nesta segunda. Entre elas, representações na Comissão de Ética da Presidência da República e no Ministério Público Federal para que abram investigação sobre o caso.
Ainda segundo o líder do PT, Geddel será convocado para explicar no Senado as acusações feitas pelo colega de governo. Até o próprio Calero deve ser convidado para esclarecer os fatos que resultaram no seu pedido de demissão. Os dois também serão chamados para tratar do tema na Câmara dos Deputados.
“O governo Temer está derretendo. Um ministro se demite acusando o outro”, comenta o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (PT-BA), ao comentar o escândalo.
Veja a representação contra Geddel
Assista a entrega da representação e parte da coletiva do senador Humberto Costa
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