Fernando Rosa
12 de dezembro de 2016 | 19h55
A PEC 55 é a versão financeira do golpe de Estado em curso no país. Com sua aprovação, os bancos se apropriam de praticamente metade do Orçamento da União – já que a proposta da gestão Temer corta gastos públicos para garantir o pagamento de juros da dívida, beneficiando banqueiros e rentistas.
“Nós temos de suspender a tramitação da PEC 55”, defendeu a senadora Gleisi Hoffmann na sessão do Senado Federal. “Qual é a política contra os juros altos?”, questionou ela. “Nenhuma, nenhuma. Porque isso não interessa a quem está no governo, concluiu.
Para o senador Roberto Requião, do PMDB do Paraná, “a PEC 55 beneficia tão somente o mercado financeiro e ferra com os brasileiros”. “Cortam tudo, menos o pagamento da dívida e os juros estabelecidos pelos banqueiros e rentistas que dominam o Governo e controlam o Copom e o Banco Central”, denunciou o senador. Além de aprisionar o orçamento, a PEC 55 pretende manter a exploração dos cidadãos com juros de 483% no cartão e 328% no cheque especial.
A PEC 55 aplicada pelo governo Temer, do PMDB, é a retomada da política neoliberal adotada e fracassada durante os governos do PSDB e que começa a ser rejeitada no mundo. Em sua essência, a PEC 55 revoga as conquistas alcançadas durante os governos Lula e Dilma, que incluíram os pobres no Orçamento da União. “Nós precisamos colocar dinheiro para investimento, para crédito; não é votar a PEC 55, nem fazer a reforma da Previdência”, adverte a senadora Gleisi.
Ilegítimo e envolvido em denúncias de corrupção, o governo Temer mostra-se incapaz de implementar a política de recessão que o mercado quer impor ao país. “Mas eles não estão parados, não querem perder”, alerta a senadora Gleisi sobre a articulação para tentar emplacar um “sucessor” via colégio eleitoral. As medidas antipopulares e a falta de coesão no consórcio golpista, no entanto, apontam um caminho de luta: eleições diretas para devolver a soberania do voto popular.
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