Gleisi: Não cabe esse argumento de que a dívida da Petrobras impede a exploração do petróleo do pré-sal ou os investimentos, até porque a maioria das petrolíferas do mundo estão endividadasA senadora Gleisi Hoffmann voltou a defender a rejeição do projeto que tenta retirar da Petrobras a condição de operadora única do pré-sal. Ela refutou os principais argumentos dos defensores da matéria, de autoria do tucano José Serra, lembrando que a dívida da Petrobras é perfeitamente administrável. “Vamos entregar o filé mignon por uma dívida que nós podemos administrar?”.
Ela defendeu que, ao invés de abrir mão de uma riqueza do povo brasileiro, o País acelere os investimentos nos campos do pré-sal licitados e já concedidos para a geração de royalties, alternativa muito mais segura do que o suposto ‘impulso à economia” apregoado com os defensores da entrega do pré-sal às empresas estrangeiras, Gleisi também lembrou que há uma política nacional atrelada à exploração do pré-sal. “Se não tivermos uma cadeia produtiva para fornecimento de bens e serviços com conteúdo nacional, não teremos como adiantar ou acelerar a exploração do pré-sal”, ressaltou Gleisi.
Gleisi destaca que o país tem reservas de petróleo e que não é preciso ter pressa para explorar as jazidas na camada do pré-sal, como alardeiam os defensores do projeto de Serra. “Hoje, a Petrobras tem 14,5 anos de reserva garantida. Portanto, se tivermos de esperar dois, três anos, isso não é um problema para o Brasil, não é um problema para a extração. Nós também não estamos tendo crescimento econômico alto, nem demanda e pressão por combustível. Se nós abrirmos um leilão de um bloco do pré-sal agora, em 2017, nós só vamos ter efetivamente a exploração em 2021”.
Para a senadora, o que precisa ser feito agora é acelerar os investimentos do pré-sal já concedido. “Nós já temos campos concedidos de petróleo pelo pré-sal. É isso que vai dar participação especial, royalties e dinheiro para educação, e não a exploração que nós vamos começar em 2021”, apontou.
Outro ponto a ser levado em consideração, defende Gleisi, são os atuais preços do petróleo, em níveis muito baixos, em consequência de uma disputa geopolítica que tem colocado o preço do barril nos menores patamares da história. “Por que iríamos abrir o pré-sal exatamente neste momento, sem ter condições de fazer a exploração agora?”
Gleisi refutou também o discurso que atribui ao endividamento da Petrobras as dificuldades para a extração do pré-sal, que hoje é de R$520 bilhões— fruto também de um crescimento de quase 30% com a desvalorização do real, a partir de junho de 2015, mas que agora se estabiliza. “Não precisamos nos preocupar com um crescimento exponencial da dívida. E 47% dessa dívida vencem depois de 2020 – 47% vencem depois de 2020”.
“Não cabe esse argumento de que a dívida da Petrobras impede a exploração do petróleo do pré-sal ou os investimentos, até porque a maioria das petrolíferas do mundo estão endividadas”.
Leia mais:
Direita e parte do PMDB deram urgência para entrega do petróleo do pré-sal
Partilha do pré-sal: por dois votos, Senado põe em risco futuro da Petrobras