A senadora Regina Sousa (PT-PI) denunciou o “golpe dentro do golpe” que está sendo urdido pelo presidente interino Michel Temer, que permanece na condição de refém do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. “Está sendo articulado um novo golpe. Temer quer votar primeiro o impeachment da Dilma e só depois a cassação de Cunha. Está com medo dele”, postou a senadora em seu perfil na rede social Twitter.
A senadora se referia ao jantar patrocinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que na noite da última segunda-feira (1), foi anfitrião de Temer e de senadores da base de apoio do interino. Como prato principal do festim, a pressão para apressar a votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
“As manobras estão sendo articuladas na calada da noite, em jantares”, denunciou a senadora, destacando a semelhança entre as articulações de agora com o enredo da conspiração que levou à abertura do processo de impeachment — situação denunciada mais de uma por Regina Sousa no plenário do Senado, inclusive em seu voto contrário ao afastamento da presidenta Dilma.
“Se Cunha cair logo, pode derrubar o golpe contra Dilma. Se cair depois, será absolvido, Estão prometendo isso a ele para ficar calado?”, questionou Regina no Twitter.
O jantar na casa de Gilmar Mendes reuniu de Temer e senadores partidários do golpe, além do ministro da Agricultura, Blairo Maggi e pecuaristas. A ideia do interino é pressionar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para antecipar a data final da votação do impeachment, já marcada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, para 29 de agosto.
Pela Constituição, cabe ao STF presidir esta fase do rito do impeachment, situação que parece ser ignorada pela iminência parda do governo Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que na tarde de segunda-feira criticou em plenário a decisão de Lewandowski, explicitando a pressa de seu grupo político em abocanhar o governo em definitivo.
A articulação de Temer envolve também o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o objetivo é evitar que Eduardo Cunha seja cassado antes do impeachment, já que há o temor de que o ex-presidente da Câmara fale o que sabe e imploda o governo provisório.