Com a presença do presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, a Bancada petista no Senado escolheu na manhã desta quarta-feira (1º/02) o senador Walter Pinheiro (BA) como seu novo líder, para exercer o mandato de um ano. Walter foi eleito por unanimidade após o senador Wellington Dias (PI) retirar sua candidatura, gesto que reafirma a disposição de a bancada manter sua unidade. “O sentimento de unidade que prevaleceu durante a liderança do senador Humberto Costa (PE) em 2011 com certeza continuará vigorando para solucionar diversos problemas que virão pela frente e também para conduzir nossa caminhada no Senado”, disse o líder.
Em entrevista coletiva, Walter Pinheiro explicou que os senadores, durante a reunião, decidiram revisar o acordo feito há um ano que previa o revezamento na primeira-vice-presidência do Senado e na presidência de duas comissões – a de Assuntos Econômicos, comandada pelo senador Delcídio do Amaral (MS) e a de Direitos Humanos, presidida pelo senador Paulo Paim. O acordo anterior previa que a senadora Marta Suplicy (SP) ficaria na primeira-vice- presidência por um ano e, agora, passaria o cargo ao senador José Pimentel.
Como a bancada decidiu promover a revisão do acordo, Marta continua onde está e na próxima semana, conforme anunciou o líder, uma nova reunião acontecerá para discutir a presidência das duas comissões – embora a indicação seja a manutenção dos presidentes atuais. “A bancada reconhece que houve um acordo há um ano, mas avaliou os aspectos do momento, a conjuntura atual e adotou a revisão. Não é uma ruptura. É uma revisão do acordo”, afirmou Walter Pinheiro, destacando que durante a reunião não houve qualquer proposta para atrelar a decisão de hoje com as futuras mudanças que vão ocorrer na direção do Senado e nas comissões em 2013 – os mandatos na presidência, vice-presidência e nas comissões permanentes da Casa são de dois anos.
Unidade
O gesto do senador Wellington Dias (PI) de abrir mão de uma disputa para o cargo de líder foi elogiada pelo ex-líder Humberto Costa (PE) que destacou seu desprendimento político em nome da unidade da bancada no Senado. “O senador Wellington tem todas as credenciais para ser líder, desenvolveu um grande trabalho ao longo desse primeiro ano, tem respeito de todos os integrantes da bancada e num gesto de generosidade, de apoio ao nosso partido e de construção da unidade, abriu mão dessa disputa”, disse Humberto. Isso nos possibilitou chegar a uma posição muito confortável de escolher nosso novo líder, completou. Humberto agradeceu o apoio e o respeito com que foi tratado pela imprensa ao longo de 2011.
O novo líder destacou, em relação a Wellington Dias, que o senador abriu mão da disputa, mas na realidade não abriu mão de uma das tarefas mais importantes que terá pela frente no Senado, que é contribuir, em nível nacional, na intermediação da bancada com as eleições municipais.
O presidente do PT requisitou Wellington Dias para atuar como mediador dos senadores não apenas no diretório do partido em seu estado, mas com o diretório nacional, para atingir a estratégia do partido sinalizada por Rui Falcão nas eleições municipais, que é manter, ampliar e recuperar prefeituras municipais já administradas pelo PT. O foco será concentrar os esforços nas cidades com mais de 150 mil habitantes, que tenham universidade, polo industrial, redes de rádio e televisão.
Relação com o PMDB
Perguntado sobre a relação da bancada do PT com o PMDB, o maior partido do Senado e principal aliado do governo da presidenta Dilma, o novo líder disse que o bom entendimento verificado em 2011 dará a tônica para a parceria neste ano. Walter Pinheiro disse que o PMDB é um partido do núcleo de governo, compõe a base e que terá completa afinação no trabalho em plenário, nas comissões, na relação com o governo e especificamente com os senadores do partido. “Não há motivo de preocupação e nem foi tema de nossas discussões. Pelo contrário, de nossa parte vamos ter uma relação harmoniosa com o PMDB, o PP, o PRB, o PR, o PSB e o PDT, na expectativa de cada vez mais alinhar o nosso trabalho”, enfatizou.
Sobre a mudança ocorrida na direção do Dnocs, que contrariou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves que havia feito a indicação, o líder minimizou qualquer estremecimento entre as duas siglas. “Não podemos trazer uma crise patrocinada por um membro do PMDB com o governo para o núcleo do Senado. Nós fizemos isso no primeiro ano. Cada casa administra sua crise. Tentamos trabalhar na linha de não dar ouvidos para as crises e pressões e continuar nossa tarefa que é muito mais fácil até para debelar as crises do que ficar tratando como se fosse da ordem do dia. São trocas que qualquer governo promove, são funções de governo. As nossas funções no Senado são outras”, disse o líder.
Marcello Antunes
Leia mais:
Pacto federativo é desafio para bancada do PT, afirma o novo líder