“Vamos varrer a miséria absoluta de nosso território”, garante Dilma

“Vamos varrer a miséria absoluta de nosso território”, garante Dilma

“Por trás de algumas críticas ao programa há o preconceito clientelista. O Bolsa Família não é uma esmola, caridade. É uma tecnologia social de distribuição de renda e combate à desigualdade”.

“Minha geração chegou a acreditar que só era
possível fazer a transformação com as armas
nas mãos. Mas na geração de Lula, as mãos foram
unidas e descobrimos que a energia pacífica é a
grande força motriz de nossa história” (PR)

A presidenta Dilma Rousseff consignou ao ex-presidente Lula a inspiração política de abraçar um programa que transformou e transforma o Brasil a cada dia. Há dez anos, disse ela durante a festa dos 10 anos do Bolsa Família, quando a mais grave questão social do Brasil foi enfrentada, quando Lula teve essa ousada ideia, criava-se ali uma ação e um símbolo. Símbolo da transformação pacífica a ação transformadora que mudou a vida de milhões de pessoas no País. “Minha geração chegou a acreditar que só era possível fazer a transformação com as armas nas mãos. Mas na geração de Lula, as mãos foram unidas e descobrimos que a energia pacífica é a grande força motriz de nossa história. Num período diminuto que delimita uma geração, conseguimos fazer com que 36 milhões de brasileiros saíssem da miséria. É assim que vamos varrer a miséria absoluta de nosso território, com muito jubilo e humildade. O fim da miséria é só um começo”, disse a presidenta.

Dilma destacou que, nesta quarta-feira (30) durante a comemoração dos 10 anos do Bolsa Família, é possível afirmar que o Brasil é uma outra nação depois do Bolsa Família, porque uniu territórios díspares, isolados e por todos os cantos criou-se um ambiente de esperança, de um futuro de oportunidades. “Nosso País vem de um longo processo de desigualdade, fundado na escravidão, que a elite fechou seus olhos por quase um século. A grande obra do Bolsa Família foi ter reconhecido que o Brasil precisava superar a pobreza extrema e a pobreza. Sem esse reconhecimento jamais chegaríamos onde chegamos”, salientou.

Segundo a presidenta, o programa Bolsa Família não veio para ser o fim do caminho, mas uma ponte, nunca ser o topo de uma escada, mas o primeiro degrau de um mundo futuro com esperança, o que as pessoas não tinham. “O Bolsa Família funciona e funcionou porque une duas palavras com poder muito grande, simplicidade e invenção. É um programa que se pensou o que queríamos fazer. É assim que nascem tecnologias mais sofisticas. O programa é uma tecnologia sofisticada e que nos faz admirados por vários países”, disse ela.

E por ser uma tecnologia que nasceu da melhor maneira possível, tem sido aperfeiçoada, principalmente depois do programa Brasil sem Miséria e do cadastro único para identificar pessoas e famílias em situação de pobreza extrema. “Nós não podemos fazer política sem pensar na melhoria concreta da vida das pessoas. E isso fez mudar política social no País. Para conseguirmos fazer transferência direta, na veia dos mais pobres, unificamos ações dos estados e varremos ações clientelistas centenárias do nosso País. Quando criamos o cadastro único e colocamos a União, os estados e os municípios, nós aderimos a uma série de práticas republicamos e colocamos todo o aparato do Estado ao lado do cidadão comum, sem que isso criasse dominação”, afirmou.

bolsa_101_Planalto

 “O programa é uma tecnologia sofisticada e que
 nos faz admirados por vários países” (PR)

Para a presidenta, o programa Bolsa Família, com a entrega de um cartão magnético e intransferível, na maior parte em nome das mães, rompeu as barreiras dos programas assistencialistas que antes tinham vigência apenas em épocas eleitorais. “Só situações clientelistas implicam em subordinação. Por trás de algumas críticas ao programa há o preconceito clientelista. O Bolsa Família não é uma esmola, caridade. É uma tecnologia social de distribuição de renda e combate à desigualdade. A renda é poder de compra, é poder de decisão sobre o que é melhor para si e para sua família, um programa que gera liberdade de escolha e cidadania. Por isso, o Bolsa Família é um programa emancipador e que constrói um poder feminino. 93% dos titulares dos cartões são mulheres que, graças ao programa, ganharam força e autonomia dentro de suas casas”, comemorou, acrescentando que “talvez essa tenha sido a grande mudança”.

A presidenta Dilma atribuiu ao ex-presidente Lula a sensibilidade de reconhecer o papel de sua mãe e a importância que a mulher tem no núcleo familiar. “O Bolsa Família aumentou o poder feminino e, se sobrar algum dinheirinho, ela pode comprar um esmalte, um batom para ficar mais bonita e sedutora. Também conferiu um poder para se libertar de uma relação afetiva baseada na subordinação econômica”, disse ela, citando a beneficiária Odete Delavechio, do Rio Grande do Sul, que fez curso de montadora e de carpintaria no Pronatec e já trabalha na construção civil. “Odete, vamos para a construção civil, mas vamos de unhas pintadas”.

A tecnologia sofisticada que a presidenta Dilma fala diz respeito às ações coordenadas do Bolsa Família, gerido pelo Ministério de Desenvolvimento Social, com outras áreas, como as ações dos ministérios da Educação e da Saúde.  No Pronatec, por exemplo, 800 mil matrículas já forma feitas por beneficiários do Bolsa Família e no programa Crescer, mais de 1, 2 milhão de beneficiários vão se tornar microempreendedores, sem contar as ações de construção de cisternas, assistência técnica rural, que já atendem 266 mil famílias, o bolsa verde, que ajuda a preservar o meio ambiente, o Brasil Carinhoso que atende 400 mil crianças em três mil municípios. “Só não entende o Bolsa Família quem não o conhece ou quem, de forma obstinada, se recusa a conhecê-lo”, afirmou a presidenta.

Marcello Antunes

Leia mais:

Lula: “se pudesse, começaria outra vez pelo Bolsa Família”
 

Bolsa Família 10 anos: livros analisam programa

To top