Viana alerta: se houver impeachment sem crime, Brasil vai para a ilegalidade

Viana alerta: se houver impeachment sem crime, Brasil vai para a ilegalidade

Viana: “Eu não aceito ter um presidente sem voto e o vice-presidente Eduardo Cunha. Quem vai aceitar?”Os vícios da ilegalidade e ilegitimidade do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff — um processo sem base em um crime de responsabilidade e, ainda por cima,   liderado por Eduardo Cunha — já não deixava dúvidas quanto à orquestração de um golpe. Mas se era necessária uma confirmação, “ficou mais evidente ainda que não é um processo normal com o tal do desembarque do PMDB do Governo”, avalia o senador Jorge Viana (PT-AC), que lamentou a decisão “precipitada” do partido que integrou o governo Dilma desde a primeira eleição da presidenta.

Viana lamentou a decisão “extemporânea e pouco inteligente” da legenda, repetindo as palavras de um peemedebista, o presidente do Senado, Renan Calheiros, “que tem sido não a voz de um lado ou de outro, mas tem sido sempre o presidente do Senado, o presidente do Congresso, um líder importante do PMDB, procurando ajudar na solução política que o Brasil enfrenta”.

Aos que buscam surfar na crise, o senador petista alerta: “Nada é tão ruim que não possa piorar”. Ainda pior que a crise política e as dificuldades econômicas, lembra Viana, seria rasgar a Constituição: “Se houver impeachment sem crime de responsabilidade, este País vai para ilegalidade, vamos ter um Governo ilegítimo. Eu não aceito ter um presidente sem voto e o vice-presidente Eduardo Cunha. Quem vai aceitar?”

Para Viana, uma coisa é ver o teatro da revanche de Eduardo Cunha—que abriu um processo de impeachment contra Dilma diante da recusa do PT de livrá-lo do processo a que deve responder no Conselho de Ética da Câmara. Mas é grave e arriscado ver o PMDB desembarcar do governo para reforçar o enredo do golpe que se tenta levar a cabo.

“Com grande respeito a grandes líderes do PMDB, eu queria chamar a atenção do Brasil. A solução para a crise que estamos vivendo — políticas e econômicas — não é Michel Temer assumir a presidência, sem nenhum voto. Tem o ruim e o perverso. Essa é a saída perversa, porque, nesse caso, viveríamos uma crise institucional”.

O senador petista lembrou que o Brasil em breve voltará às urnas. “Esperem. Ganhem as eleições, mudem os governos pelo voto, como estabelece a Constituição”. É isso que determina a democracia e recomenda o bom senso. Sem impeachment ilegal e ilegítimo, pondera Viana, o País tem a chance de negociar uma saída democrática para a crise. “O Governo vai ter que prestar contas à sociedade. Vai ter que pacificar o País, vai ter que estabelecer novo diálogo, inclusive com setores da oposição, para que o Brasil volte a encontrar um caminho de crescimento, de prosperidade social”.

Ele manifestou sua confiança de que os deputados democratas que analisam o impeachment possam votar atendendo a Constituição e a Justiça. “E que os plenários da Câmara e do Senado possam pacificar o País com a saída democrática para a crise”.

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