Viana: ódio contra Lula vem da mesma empresa que ele socorreu para evitar a falênciaUma manchete assustadora, maliciosa e, porque não?, criminosa. Desta forma, o senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, interpretou a reportagem que sustenta a manchete principal do jornal O Globo desta quarta-feira, “PR fez lobby”, em mais uma tentativa de criminalizar a figura pública do o ex-presidente Lula. A denúncia tem o mesmo vazio de seguidas reportagens da revista Época, que também pertence à família Marinho, que controla O Globo. Segundo o pensamento obtuso dos jornalistas responsáveis por essas duas publicações – e por extensão, de seus patrões – Lula cometeu crime de influência indevida durante seu governo, ao ajudar empresas brasileiras na conquista de novos clientes ou de chefiar missões comerciais com dezenas de empresários brasileiros divulgando empresas e produtos brasileiros. “A Folha de S. Paulo foi pelo mesmo caminho e o programa “Bom dia Brasil”, também da Rede Globo, também, como num conluio, uma vergonha. Tenho vergonha desse jornalismo praticado no Brasil, que afronta a liberdade de imprensa”, disse Viana.
A acusação levada ao jornal diz que Lula praticou lobby em 2009 quando foi à África e defendeu que empresas brasileiras fizessem obras em outros países. Nessas viagens, lembrou Viana, inúmeros, centenas de empresários lhe acompanhavam para fazer negócio. Foi no governo Lula que novas embaixadas foram abertas para que novos negócios fossem realizados, para beneficiar as empresas brasileiras.
As ilações criminosas escondem a real intenção desses veículos, que é a de inviabilizar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. Para o jornal O Globo, que seguidamente vem demostrando ódio a Lula, Lula é perigoso por outros motivos, enfatizou Viana. “Lula consolidou o Brasil como uma grande nação. Seu governo promoveu a inclusão social de mais de 40 milhões de brasileiros, seu governo promoveu ganhos para todos, dos milionários aos mais pobres, mas, agora, querem transformar a defesa das empresas nacionais por Lula em crime”.
Atribuindo responsabilidades aos meios de comunicação sobre a radicalização crescente na política brasileira, Viana pediu “limite” ódio ao presidente Lula e à intolerância, e acrescentou: “É muita forçação de barra, para policiais federais, membros do Ministério Público, querer transformar uma ação em crime. Ele deveria ser chamado de criminoso se não tivesse feito isso”, afirmou.
Depois de dizer que o casal Bill e Hillary Clinton, os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, de direita, e François Hollande, de esquerda, assim como as diversas autoridades suecas que estiveram no Brasil, todas, sem exceção deveriam ser criminalizadas por promover a venda de seus produtos para o Brasil.
O baixo nível jornalístico não para por aí, disse ainda Viana, defendendo combate cm veemência a mais essa ação criminosa cometida em nome da “liberdade de expressão”.
“O que acontece agora é uma mistura de ingratidão com banditismo”, enfatizou o senador, lembrando que o governo Lula socorreu empresas de mídia à beira da falência em seu primeiro mandato, dentre elas o próprio grupo que edita o jornal.
Viana concedeu aparte ao colega de bancada, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que considerou extremamente desrespeitosa a matéria do jornal do Rio de Janeiro. “É um desrespeito aos brasileiros e ao ex-presidente Lula, porque tenta confundir as coisas. É, como disse Viana, um dever de um presidente defender as empresas de seu país, mas da forma que o jornal colocou, tenta criar uma situação, criminalizar uma atividade feita por todos os presidentes”, afirmou.
A desfaçatez é tão grande que Lindbergh vê até mesmo ignorância, como recente reportagem da revista Época, incriminando uma atividade feita por todos os representantes das nações. O senador observou que o BNDES é o único banco que estabelece condições aos financiamentos de empreendimentos brasileiros no exterior, que as empresas comprem no Brasil serviços e produtos que serão utilizados em outros países. “Não parece que esse clima de radicalização política esteja impregnado só no Parlamento, está impregnado na imprensa e em vários meios. Não sei aonde vai nos levar. É com tristeza que vejo o desrespeito às instituições, a uma figura como o ex-presidente Lula”, disse.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), também pediu um aparte e elogiou as palavras de Viana, uma a uma. Humberto citou um caso prático: a compra, pelo Brasil, dos caças para reforçar as Forças Armadas brasileira. Com tanto interesse em vender para o Brasil, dois presidentes da França – um do partido de esquerda e outro do partido da direita – para cá vieram, o mesmo foi feito pelo presidente dos Estados Unidos e até mesmo o rei da Suécia, na prática, defendeu as aeronaves produzidas no seu país.
“Viana faz mais um pronunciamento marcado especialmente pela lucidez e por uma indignidade dos justos. Isso que tentam fazer com o presidente Lula é uma das coisas mais canhestras que já tivemos a oportunidade de assistir”, disse o líder, acrescentando que é necessário ter no Senado um pacto claro para não aceitar qualquer tentativa como a de hoje, do jornal O Globo, de macular, manchar a imagem de alguém que apenas fez o bem para o Brasil.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foi enfática ao dizer que mentira tem perna curta e essa dos jornais é uma delas. “Não vai tardar a hora da população enxergar o que está acontecendo no Brasil. Questões de princípios estão sendo invertidas completamente”, disse ela, ao dar, como exemplo, a manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de querer incluir na pauta do Congresso Nacional o veto da presidenta Dilma ao financiamento empresarial de campanha. “Cunha quer que empresas privadas continuem doando recursos para as campanhas, mas isso a imprensa não diz uma linha. Assino embaixo e apresento minha solidariedade irrestrita àquele que foi um dos maiores presidentes que este País já viu. O presidente Lula não merece tamanho desrespeito com o que foi tratado hoje pela imprensa, sobretudo pelo jornal O Globo”, destacou.
Para finalizar seu discurso, Viana agradeceu os apartes e rogou que os editorialistas, os dirigentes dos veículos de comunicação, reflitam sobre qual é o ganho de tentar reduzir a imagem de um ex-presidente que atuou como um caixeiro viajante, vendendo as empresas brasileiras para o mundo. “O presidente Obama diz que o Lula é o cara. Os setores da imprensa brasileira tentam amaldiçoar o presidente Lula, mas foi ele, inclusive, quem ajudou levantar esses jornais; essas empresas que estavam falidas, quebradas”, afirmou.
Marcello Antunes