Antes de qualquer solicitação dos parlamentares, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), disponibilizou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira. O comportamento é completamente diferente do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que, em seu depoimento de mais de oito horas nessa terça-feira (12/06) recusou-se a abrir seus dados e acabou provocando um grande tumulto entre os presentes.
“Ouvi uma vez de um homem do povo que quem não deve, não teme”, afirmou o governador em depoimento à CPMI do Cachoeira nesta quarta-feira (13/06). Perillo, ao contrário, disse aos parlamentares que não há justificativas para a abertura de seu sigilo e que essa decisão deveria ser tomada pela própria CPMI. Não é a primeira vez que o governador do DF permite a quebra de seu sigilo fiscal: em abril deste ano, ele autorizou o Superior Tribunal de Justiça (STF) a acessar seus dados.
A decisão levou o nome do governador petista ao top da rede social Twitter, os chamados Trending Topics com as hastags #Agnelo e #forçaAgnelo. A hastag #PerilloAbraOSigilo também é mais comentada no microblog.
Agnelo levou uma hora para explicar aos parlamentares que seu governo não tem qualquer relação com o grupo criminoso de Cachoeira. Assegurou que justamente por não facilitar a vida dos que defendiam a manutenção de esquemas criminosos foi duramente atacado por adversários.
“O grupo aqui investigado, a organização aqui investigada, tramou a minha derrubada, um governo legitimamente eleito pelo povo do Distrito Federal, e não agiu só, mas valeu-se das falsas acusações plantadas no noticiário, vozes com acesso às tribunas do nosso País, valeu-se da boa fé de pessoas ao misturar mentiras e meias-verdades para me desgastar e me tirar do governo do Distrito Federal”, afirmou. E acrescentou que as investigações já demonstraram que não existe qualquer fato que indique qualquer favorecimento à Delta ou ao grupo de Cachoeira.
Sobre o contrato com a Delta para limpeza pública no DF, o governador ressaltou que foi firmado antes de sua gestão, e, mediante decisão liminar, determinada pela Justiça. Ele disse ainda que, 26 dias após tomar posse, pediu auditoria nos serviços de coleta de lixo e varrição de ruas. Segundo ele, uma decisão judicial desclassificou a Delta por irregularidades na licitação. Outras duas empresas foram selecionadas Qualix e da Valor Ambiental, que firmaram contrato com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU).
Giselle Chassot
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