A secretária de Relações de Trabalho da CUT Nacional, Graça Costa, afirma que a central não tem nada a negociar com o governo golpista. “Concluímos que não temos de negociar, ou seja, definir qual é a prioridade. Se negociamos a idade e deixamos a pensão ou se negociamos a questão do valor da contribuição e deixamos outras questões. É tão ruim o que está em curso que não há como negociar, porque a reforma é a destruição do que conseguimos conquistar com muita luta durante a nossa vida toda”, disse ela.
Graça Costa também foi uma das participantes da sessão de homenagem ao Dia do Aposentado, realizada por iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS) nesta segunda-feira (13). Ao falar a uma plateia que lotava o plenário e as galerias do Senado, ela defendeu a unidade da classe trabalhadora, da população e das entidades dos movimentos sociais para barrar a Reforma da Previdência que atingirá 100 milhões de brasileiros e brasileiras.
“Devemos lembrar que a reforma é ruim para os trabalhadores da ativa, para os que estão desempregados e não têm cobertura, para os aposentados, para os pensionistas e aqueles que sonham se aposentar um dia”, disse ela, acrescentando “que as mudanças vão afetar o desenvolvimento do País”.
Segundo Graça Costa, a situação atual se parece com o que o País viveu em 1967, quando a estabilidade do emprego foi trocada pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Essa foi a primeira grande derrota da classe trabalhadora. Agora, as reformas da previdência e trabalhista têm por objetivo desmontar nossas conquistas. Para evitar o retrocesso, a estratégia é de guerra”, afirmou.
Ela disse que a CUT continuará defendendo a retirada da PEC 287/16 da pauta, para que o povo, a sociedade brasileira exerça o direito de decidir se quer ou não a Reforma da Previdência. O governo golpista, observou, tem por estratégia impor mudanças sem discutir com os prejudicados, por isso o diálogo se resume ao apoio parlamentar presente no impeachment da presidenta Dilma. Como diz o senador Paulo Paim (PT-RS), Graça também acha que só a mobilização será capaz de brecar a onda de retrocessos.
Unidade
Ubiraci Oliveira, da CGTB, concorda com Graça quando ela fala que não há o que negociar com o governo. “O problema é que o governo não quer negociar. Quer um exemplo? Dos 13 membros da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, dez são denunciados por corrupção. Dez! Na Câmara dos Deputados, o relator (Arthur Maia (PPS-BA) recebeu recurso para sua campanha sabe de quem? Da previdência privada! Que relatório é esse que esse cara vai fazer? Qual o relatório?”, indagou.
Bira, como é chamado, acha que os deputados vão fazer o jogo dos bancos e do governo, cuja representação na sociedade equivalente a 5% demonstra como uma minoria quer impor a vontade à maioria da população, contrária à Reforma da Previdência.
O advogado Diego Cherulli, da comissão de Seguridade Social da OAB-DF, disse que em dezembro 200 especialistas em Direito Previdenciário firmaram o compromisso de união contra a reforma, garantindo o apoio de mais 180 entidades nacionais. “Uma coisa é unânime entre os especialistas: não existe essa história de déficit. Esse déficit é uma falácia, uma mentira, porque o interesse do governo é pegar esse caixa e entregar para os bancos.
Cherulli relatou que o Procurador Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, está sentado em cima há oito meses de uma ação (ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 415 no Supremo Tribunal Federal) que ele não devolveu dizendo se concorda ou não com o pedido de liminar sobre a indução do governo fazer a sociedade acreditar que há déficit na previdência.
O Movimento pela Verdade na Previdência também ingressou com ação popular – um dos subscritores é o senador Paim – cujo pedido é a suspensão da propaganda mentirosa em horário nobre. Os brasileiros estão sendo triplamente enganados. Primeiro foi que o impeachment de Dilma não trouxe um mar de rosas para a população; segundo, as propagandas são mentirosas e, terceiro, a reforma vai afetar negativamente a vida de mais de 100 milhões de brasileiros.
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