A defesa do mar territorial, do pré-sal e da costa brasileira são desafios que demonstram a importância estratégica da produção do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear, avalia o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Para o senador, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) como um dos exemplos do bom uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos. Suplicy participou, na manhã desta quinta-feira (13), da audiência pública da Comissão de Relações Internacionais e Defesa Nacional (CRE) que debateu o programa da Marinha do Brasil.
O senador paulista embarca na madrugada desta sexta-feira (14) para Irã, em missão oficial do Congresso Nacional onde vai debater as perspectivas da cooperação tecnológica daquele país com o Brasil. O Irã desenvolve um programa nuclear que foi objeto de pressão, por parte das potências ocidentais. “Mais recentemente, porém, essa visão tem mudado, e creio que o Itamaraty desempenhou um papel importante nisso. Países como os Estados Unidos começam a perceber que o Irã pode desenvolver tecnologia nuclear para fins exclusivamente pacíficos, como vem fazendo o Brasil”, avaliou o senador.
Na audiência pública desta quinta-feira, a CRE ouviu o coordenador-geral do Prosub, o almirante de esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld. O programa vem sendo desenvolvido na Baía de Sepetiba, litoral Sul do Rio de Janeiro. Na região está sendo construído um estaleiro e de uma base naval na Ilha da Madeira, no município de Itaguaí (RJ), onde serão montados o submarino nuclear em mais quatro submarinos de propulsão convencional (diesel-elétricos). O Prosub surgiu em 2008 com um acordo de cooperação e transferência de tecnologia entre França e Brasil.
“Cada vez mais percebemos a importância de estudarmos e ocuparmos nosso mar territorial, compreendermos a riqueza do oceano, especialmente agora, com o advento do pré sal”, afirmou Suplicy. Ele pediu ao almirante Hirschfeld que explicasse a importante do contrato de cooperação tecnológica entre o Brasil e a França que para a construção dos submarinos. O militar destacou que os europeus estão assessorando técnicos brasileiros no projeto das embarcações convencionais, mas que na parte nuclear não existe transferência de tecnologia: “Essa é uma pesquisa nossa, desenvolvida por brasileiros”.
O almirante explicou a vantagens dos submarinos a propulsão nuclear sobre os convencionais. Além das dimensões e tonelagem, que são muito superiores, um submarino nuclear não precisa emergir para a renovação do ar ou recarregar suas baterias, o que o torna muito menos detectável, seja por navios e aviões de patrulha, seja por satélites. “Em um submarino nuclear, o tempo de submersão é definido pela duração dos suprimentos e também pelo estresse da guarnição. Estamos trabalhando com a perspectiva de um submarino que possa ficar submerso até 90 dias”.