Suplicy anuncia aos senadores retomada das relações entre EUA e Cuba

A novidade diplomática do dia emocionou um veterano senador. Na tarde desta quarta-feira (17), dia marcado para a sua despedida oficial da Casa, Eduardo Suplicy (PT-SP), com voz embargada, comemorou o que a mídia americana antecipou: os Estados Unidos e Cuba vão reestabelecer as relações diplomáticas, rompidas ainda na década de 60. “Esses 50 anos mostraram que o isolamento (entre os países) não funcionou. É tempo de uma nova aproximação”, afirmou o presidente americano, Barack Obama ao The New York Times.

“Considero essa notícia excepcionalmente positiva”, resumiu Suplicy. Ele recordou as muitas ocasiões em que falou da importância acabar com o embargo dos Estados Unidos em relação a Cuba.

Para o senador, Cuba já deu inúmeras demonstrações de que estava disposto a se abrir para o mundo. “Foram diversos os passos dados pelo governo de Cuba nesses últimos anos, tais como os de permitir maior liberdade para cubanos viajarem para o exterior e o recente episódio pelo qual uma equipe de médicos e sanitaristas dos Estados Unidos foram a Cuba e estreitaram relações para realizar o melhor atendimento possível para a prevenção e cura do ebola em diversos países da África”, destacou.

Pego de surpresa com o anúncio, o senador Jorge Viana (PT-AC), que presidia a sessão, também demonstrou seu contentamento e, dirigindo-se a Suplicy, afirmou: “Só poderia ser Vossa Excelência para dar uma notícia dessa magnitude, tão importante para que o mundo possa ir se entendendo, especialmente nas relações Estados Unidos-Cuba”

Para Viana, a notícia tem uma simbologia enorme. “É uma grande mensagem que o Presidente Raúl Castro e especialmente o Presidente Obama mandam para o mundo de que é possível haver entendimento, manter diferenças, ter compreensões que são distantes, mas estabelecer relações que estão na essência da humanidade, quais sejam, se relacionar especialmente entre os Estados que compõem o nosso planeta”, disse.

Lindberg Farias (PT-RJ) relatou os pronunciamentos dos presidentes americano e cubano, que discursavam em seus países enquanto a notícia percorria o mundo. O senador também destacou a libertação de um americano, Alan Gross, que estava preso desde 2009. E acrescentou: “os acontecimentos estão se dando neste momento e, sem sombra de dúvida, esse é um fato alvissareiro na história mundial”.

Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Inácio Arruda (PCdoB- CE), do Bloco de Apoio ao Governo também fizeram questão de agradecer a Suplicy  pela notícia. A senadora acrescentou que além da notícia de reaproximação diplomática entre os dois países, também foi divulgado que os Estados Unidos decidiram soltar três presos que fazem parte dos cinco heróis cubanos que estavam presos injustamente naquele país. Arruda lembrou que a tensão entre os dois países já era considerada inaceitável por todo o mundo contemporâneo.

Também integrante do Bloco, o senador Randolfe Rodrigues (Psol- AP), definiu o momento histórico: “para uma geração inteira, para gerações que cresceram sob a notícia de que esses dois países estavam com suas relações diplomáticas rompidas, a simples notícia da existência, a partir de agora, de uma missão diplomática dos Estados Unidos em Havana, mostra que isto é uma notícia de repercussão mundial”.

Negociações

De acordo com informações do The New York Times,  as negociações para o restabelecimento das relações entre Estados Unidos e Cuba  e permitir a reabertura da embaixada americana em Havana   começaram secretamente há cerca de um ano e meio e tiveram a participação do governo canadense e do papa Francisco. O acordo teria sido selado por um telefonema entre os dois presidentes.

Em um comunicado oficial, o papa disse que gostaria de expressar “seus mais calorosos parabéns pela histórica decisão tomada pelos governos dos EUA e de Cuba de estabelecer relações diplomáticas, com o objetivo de superar as dificuldades que marcaram a história recente”.

Apesar do anúncio, o embargo ao livre comércio entre os dois países continua, pelo menos até que o Congresso americano concorde com o fim da proibição da maioria das trocas comerciais.

Giselle Chassot, com informações do The New York Times

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