Entre os representantes de movimentos populares recebidos pelo papa estava o brasileiro João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Na ocasião, o Papa Francisco enfatizou a necessidade de se revitalizar as democracias, erradicar a fome e a guerra, assegurar a dignidade a todos, sobretudo aos mais pobres e marginalizados. Suplicy celebrou a fala do chefe da Igreja Católica, que o senador considera a reafirmação de um compromisso jamais interrompido do religioso com os segmentos mais pobres. “Na Argentina, como bispo e, depois, como cardeal, ele sempre se fez próximo das comunidades populares como as de catadores de papel e de camponeses. O Santo Padre evidenciou que a solidariedade, encarnada pelos movimentos populares, encontra-se ‘enfrentando os efeitos deletérios do império do dinheiro”, citou Suplicy
Para o senador paulista, uma das passagens mais importantes no pronunciamento do papa foi o alerta de que “não se vence o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que servem unicamente para transformar os pobres em seres domésticos e inofensivos”. Francisco destacou que “Jesus chamaria de hipócritas aos que reduzem os pobres à passividade”.
Sobre os três pontos chave da manifestação do papa — terra, teto e trabalho, que são “direitos sagrados”, na opinião do pontífice —, Suplicy destacou que essa é a doutrina social da Igreja. “Mas quem não entende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho é capaz de achar que o papa é comunista”, brincou o senador.
Em seu pronunciamento da terça-feira, o Papa Francisco lamentou que as guerras e desastres naturais estejam obrigando milhões de camponeses, em todo o mundo, a deixar suas terras e criticou duramente a especulação financeira que “condiciona o preço dos alimentos, tratando esses alimentos como qualquer outra mercadoria” e condenando milhões de pessoas a padecer de fome”, o que, para o pontífice, é “um crime”.
Francisco também criticou o abandono das crianças e dos idosos, lembrando que além desse “descarte” já tradicional agora soma-se o descarte dos jovens, condenados ao desemprego, que em alguns países já chega a 50%, para essa faixa etária. O papa também conclamou a todos a trabalharem pela preservação do do meio ambiente e a manutenção da paz, questões tão essenciais ao futuro que “não podem ser deixadas somente nas mãos dos políticos”.