Suplicy destaca trajetória de Plínio de Arruda Sampaio

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apresentou no plenário do Senado, nesta segunda-feira (14), voto de pesar pela morte do ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio. Amigo íntimo de Plínio, Suplicy recordou toda a trajetória política do ex-deputado e cravou: “Ele foi um companheiro extraordinário. Era uma das pessoas que eu conheço que mais lutou pela construção de uma nação justa. E, com respeito à ética, ele era extremamente rigoroso.”

 

Plínio de Arruda Sampaio faleceu aos 83 anos, vitima de um câncer ósseo. Muito debilitado, o ex-deputado passou o último mês de vida internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ao encontrá-lo pela última vez neste período, o senador Eduardo Suplicy falou de sua surpresa ao vê-lo cobrando do filho que levasse um livro que estava traduzindo para o português. “Queria trabalhar”, destacou Suplicy. “Até seus últimos dias, Plínio brigou com o cansaço e com os prognósticos”, sintetizou.

Ao ressaltar a biografia do amigo, Suplicy recordou que Plínio foi um dos mais importantes defensores da reforma agrária: “sua menina dos olhos, que lhe custou o exílio em 1964. Teve os direitos cassados no primeiro ato institucional do regime militar por ter sido o relator do programa agrário do presidente João Goulart.” Mesmo perseguido por defender mudanças na política agrária, foi um dos fundadores, em 1967, e presidiu a Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), que reunia notáveis em torno do tema.

Biografia

Plínio de Arruda Sampaio começou na política no extinto Partido Democrata Cristão. Eleito deputado federal em 1962, foi cassado durante o regime militar e permaneceu no exílio por 12 anos. Na volta ao Brasil, em 1976, Plínio se aproximou das lideranças que formariam o PT, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ajudou a construir o partido e foi, por ele, deputado constituinte, em 1985.

Na Assembleia Nacional Constituinte, foi vice-líder do PT em 1987 e, em 1988, substituiu o então líder Luiz Inácio Lula da Silva no comando da bancada. Lula e Plínio estiveram juntos nas eleições e palanques, mas, pouco a pouco, se afastaram desde que o PT ganhou a Presidência, em 2002. “Plínio havia redigido o Programa de Governo da Reforma Agrária, mas passou a tecer críticas porque nem todas as suas recomendações estavam sendo consideradas”, recordou o senador petista.

Após 20 anos, Plínio deixou o partido, em 2005, e ingressou no recém-lançado PSOL, do qual se tornou um dos maiores dirigentes e foi candidato a presidente da república em 2010. Durante a campanha presidencial, Plínio atraiu a atenção dos eleitores mais jovens, conectados nas mídias sociais e na internet. Ávido usuário do Twitter, ele usou a rede para difundir sua plataforma política. Plínio recebeu 886 mil votos, o equivalente a 0,87% do total. “Mesmo em partidos diferentes mantive uma amizade forte com Plínio, a quem conhecia desde a adolescência”, frisou Suplicy.

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