Suplicy diz que Irã quer aproximação estratégica com o Brasil

Senador do PT-SP presta contas de viagem oficial: iranianos querem compartilhar tecnologia com o Brasil


Suplicy: consultas regulares podem reduzir
belicosidade do Oriente Médio
(Agência Senado)

Recém-chegado de uma visita oficial ao Irã, o senador Eduardo Suplicy subiu à tribuna do Senado na tarde desta terça-feira (25) para relatar as impressões da viagem que ocorreu entre os dias 15 a 17 de fevereiro. O parlamentar destacou que, em diversas ocasiões, as autoridades iranianas manifestaram o desejo de intensificar os contatos bilaterais com o governo brasileiro, especialmente nas áreas de ciência e tecnologia e comercial.

“Nos diversos encontros com autoridades iranianas, os parlamentares brasileiros foram recebidos como ponte para a intensificação de contatos bilaterais com o Governo brasileiro e, de alguma forma, manifestaram uma ansiedade e estranheza pelo relativo recuo nas relações entre os dois países”, recordou o senador. “[O presidente Ali Larijani] argumenta que as condições do Oriente Médio estão mudando e que consultas regulares entre os dois países propiciarão o caminho adequado de diálogo para atenderem interesses mútuos”, completou.

Suplicy reportou que o Irã tem pesquisas em áreas relevantes para o País. Ele observou que o Centro de Inovação e Cooperação Tecnológica do país tem desenvolvido avanços significativos em estudos sobre agricultura, nanotecnologia, indústria da aviação e equipamentos industriais.

Entre 2005 e 2012, o intercâmbio comercial brasileiro com o Irã cresceu 127%, de US$972 milhões para US$2,2 bilhões. O saldo na balança comercial foi favorável ao Brasil em todo o período, registrando superávit de US$ 2,16 bilhões em 2012. Em 2013, entretanto, houve um decréscimo considerável. “Mas os iranianos têm grande interesse em, novamente, dinamizar nossas relações”, garantiu o senador.

Energia nuclear

Eduardo Suplicy contou que presidente Ali Larijani também comentou as negociações em torno do uso da energia nuclear, exclusivamente para fins pacíficos, entre o Irã e os Estados Unidos da América, a União Europeia, a Rússia, a China, além da Organização das Nações Unidas. Larijani afirmou que “a questão nuclear do Irã pode ser resolvida através de boas intenções mútuas”.

O petista salientou, na conversa, que o Brasil e a Turquia haviam, desde 2010, procurado adiantar um acordo nessa direção, o qual, entretanto, não foi devidamente considerado pelos Estados Unidos e pela União Europeia. O Brasil apoia as atividades nucleares pacíficas e está pronto a cooperar em ações, sobretudo, para fins medicinais e farmacêuticos. “Avaliamos que os resultados positivos do acordo, que está por ser estabelecido, poderão contribui para serem eliminadas as sanções econômicas que ainda perduram com respeito ao Irã”, avaliou Suplicy.

O senador ainda descreveu as palestras de que participou sobre os dez anos do Programa Bolsa Família e a perspectiva da Renda Básica de Cidadania – sistema de pagamento de uma renda a todos os habitantes do País –, na Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade de Teerã. Suplicu chegou a conclusão de que pode ser muito proveitoso para o Brasil também trocar ideias sobre nossa experiência de transferência de renda com os iranianos, que já colocaram em vigor um modelo de renda básica.

Um relatório sobre toda visita, segundo Suplicy, será enviado à presidente Dilma Rousseff e aos ministros das Relações Exteriores e Defesa Nacional, Luiz Alberto Figueiredo; do Desenvolvimento Social,Tereza Campello; Chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante; da Fazenda, Guido Mantega; do Planejamento, Miriam Belchior; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges; ao Secretário de Economia Solidária, Paul Singer, e ao Embaixador do Brasil no Irã, Santiago Irazabal Mourão; para tomarem as medidas que considerarem pertinentes.

Catharine Rocha

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