Suplicy espera que a morte de cinegrafista sirva de alerta

Sensibilizado com a morte do cinegrafista Santiago Ilídio de Andrade, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ocupou a tribuna do Senado Federal para sugerir aos manifestantes que tirem lições do episódio. “Que a tragédia que ocasionou a morte de Santiago Ilídio de Andrade se torne um alerta para todos aqueles que, em manifestações, têm optado pela violência, destruição e danos de toda a ordem, em especial, contra seres humanos”, afirmou.

O senador reiterou que não acredita na solução de problemas por meios violentos, “pois violência sempre gera violência”. E voltou a pedir aos manifestantes que sigam os exemplos de líderes mundiais como Mahatma Ghandi, Nelson Mandela. “[Eles] nunca precisaram de violência para transformar a sociedade”, ressaltou.

Suplicy também propôs a aprovação de um voto de pesar – espécie de última homenagem prevista no Regimento Interno da Casa –, em que se solidarizou com a família do repórter cinematográfico. O senador Jorge Viana (PT-AC), ainda na tarde de ontem, foi o primeiro a apresentar requerimento com a mesma finalidade.

“Nesse momento de dor, em nome do Senado Federal, apresento nossas condolências à família de Santiago Andrade, à Rede Bandeirantes de Televisão e a todos os profissionais que trabalham para a informação da sociedade e sua proteção”, justificou Eduardo Suplicy.

Perfil

Santiago Ilídio de Andrade era carioca, tinha 49 anos de idade e 20 de profissão. Foi repórter cinematográfico do Grupo Bandeirantes, por 10 anos. Participou de grandes coberturas, como a da tragédia provocada pelas chuvas na Região Sserrana do Rio, em 2011. A qualidade do transporte  – tema que deflagrou os protestos de junho de 2013 e que era objeto do protesto onde Santiago foi ferido, após o anúncio do reajuste da tarifa de ônibus – lhe rendeu dois prêmios jornalísticos de Mobilidade Urbana, em 2010 e 2012, ao lado do repórter Alexandre Tortoriello.

Desde 2013, ele registrou para a TV Bandeirantes diversas manifestações na cidade e estava escalado para participar da cobertura jornalística da Copa do Mundo este ano.

Grandes coberturas, eventos esportivos e incontáveis reportagens sobre a “guerra” contra o tráfico de drogas nos morros cariocas também faziam parte da sua rotina de trabalho. No final de 2013, participou do curso para jornalistas em áreas de conflito, ministrado pelo Exército.

 Conhecido pelos colegas como uma pessoa gentil, alegre e um profissional dedicado, sempre preocupado com a segurança de toda a equipe. Apesar disso, ele foi atingido na cabeça por um rojão, na última quinta-feira, dia 6 de fevereiro, quando registrava o confronto entre manifestantes e policiais durante protesto contra o aumento da passagem de ônibus, no Centro do Rio de Janeiro.

Carioca, criado em Copacabana, na Zona Sul do Rio, Santiago tinha outras duas paixões, além do jornalismo: o Flamengo, seu time de coração, e a música. Aficionado por discos, ele falava com orgulho da época em que foi DJ.

Confira a íntegra do voto de pesar apresentado pelo senador Eduardo Suplicy

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