O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Agradeço à Senadora Marinor pela inversão.
Srª Presidente, Senadora Marta Suplicy, quero hoje saudar aqui o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, que apresentou, no último domingo, um capítulo da série, coordenada pelo Dr. Dráuzio Varella, Brasil sem Cigarros. Foi o primeiro de uma sequência de três, já precedido da introdução, no domingo retrasado.
Saúdo a TV Globo, em especial o Dr. Dráuzio Varella, um dos mais renomados médicos brasileiros, que têm já prestado tão relevantes serviços ao nosso País, ilustrados, por exemplo, pela sua obra Carandiru e por sua dedicação a todos aqueles que têm ouvido as suas palavras com respeito à prevenção da AIDS.
Essa belíssima iniciativa de informar a todos os brasileiros sobre os malefícios provocados pelo cigarro, que mata milhares de brasileiros todos os anos, além de incentivar as pessoas a largarem esse vício, fornecendo orientações de como fazê-lo.
Ao longo dos programas da série, Dr. Dráuzio apresentou os danos causados pelo fumo à saúde. Ele explicou que largar o cigarro é uma prova de resistência e força de vontade e que, apesar de não ser fácil, não é impossível, pois, segundo ele, “a nicotina é muito mais difícil de largar do que qualquer droga conhecida pelo homem”.
Todo fumante quer parar de fumar. Mesmo aqueles que dizem o contrário. Quem pode ser feliz sendo dependente de uma droga que provoca crise de abstinência a cada trinta minutos? Pergunta o Dr. Dráuzio.
Segundo os produtores do programa, no Brasil o tabagismo é uma doença negligenciada. Existem tratamentos com adesivo de nicotina e medicamentos. Mas eles não custam barato e não estão ao alcance de todos. Especialistas estimam que existam no Brasil cerca de quinze milhões de dependentes de nicotina.
O Dr. Dráuzio Varella se apresenta com enorme credibilidade para esta campanha porque ele mesmo foi fumante por dezenove anos, conforme deu seu testemunho, e conseguiu parar inteiramente de fumar. O que muito impressionou na exposição tão didática foi quando o Dr. Dráuzio mostrou um pulmão de um não fumante, com apenas poucos pontos pretos pela poluição, e, comparado a de um fumante, um pulmão inteiramente preto.
Ao longo da série, a TV Globo vem mostrando que a tomada de decisão para largar o cigarro resulta de um processo que costuma levar anos ou décadas para se completar. Opiniões de especialistas, ouvidos pelo Fantástico, demonstram que, do ponto de vista didático, é possível reconhecer cinco estágios pelos quais a maioria dos fumantes passa antes de largar o vicio.
Assim, segundo eles, a primeira é a fase de pré-contemplação, ou seja, quando os fumantes não pensam em mudar seu comportamento e racionalmente vêem mais vantagens em fumar do que deixar de fazê-lo. Já a fase de contemplação acontece quando o fumante sente no corpo alguns problemas causados pelo fumo, tenta reduzir o número de cigarros, mas ainda não se convenceu completamente de que vale a pena ficar livre da dependência.
A terceira é a fase de preparação. O fumante já sabe que o cigarro é seu inimigo, pensa seriamente em largar, mas ainda lhe falta coragem para adotar medidas radicais.
Depois vem a fase da ação quando finalmente o fumante se confronta com sua condição de dependente e toma a decisão de parar. Muitos dos que estão nessa fase chegam a marcar data para fumar o último cigarro. Mas a etapa considerada a mais difícil é mesmo a fase da manutenção, porque muitos hábitos associados ao fumo precisam ser modificados.
Ao longo desse processo podem ocorrer recaídas. Entretanto não há problema! A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que os fumantes fazem, em média, três ou quatro tentativas antes de conseguirem parar de fumar definitivamente.
Dr. Drauzio alerta que é preciso se preparar para largar o vício. “Corte pela metade o número de cigarros que você fuma. Cortar pela metade é completamente possível. Você pode fazer isso sem sofrer.
A segunda dica é cortar o cigarro da manhã, logo depois do café. O médico diz: “Só acenda o primeiro cigarro duas horas depois do café. Dá pra agüentar, passa depressa”.
Por fim, segundo o Dr. Drauzio Varella, marcar a data para parar de fumar é uma decisão fundamental dos que desejam largar o vício. Isso não é garantia de que o compromisso será cumprido, mas é um importante passo para que o fumante atinja seu objetivo.
Assim, o Fantástico elegeu o dia 13 de novembro, o último domingo, como o dia do “Pare!”. Nesse final de semana, a Rede Globo de Televisão, em parceria com Sesc e o Instituto Nacional do Câncer (Inca), promoveu, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, diversos exames clínicos gratuitos, orientação nutricional e palestras com o Dr. Drauzio. No próximo fim de semana, ele estará em Fortaleza, no sábado (19), e em Belo Horizonte, no domingo (20).
Parabéns à Rede Globo de Televisão por essa iniciativa!
De minha parte, agradeço muito as recomendações de meus pais, Paulo e Filomena, e os exemplos por que eu resolvi não ser um fumante. Graças a eles, felizmente, nossos filhos também não fumam.
Muito obrigado, Srª Presidenta, Marta Suplicy