Senador lembrou, emocionado, da destruição de um bairro inteiro que ressuscitará pelo Minha Casa, Minha Vida
Suplicy: “violência agora é um passado que |
Fim de um pesadelo e uma vitória sobre a truculência. Assim o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) classifica a conquista das 1.800 famílias da comunidade do Pinheirinho à moradia definitiva. A vitória foi materializada nesta terça-feira (25) com a assinatura pela presidenta Dilma Rousseff da ordem de serviço que dá início à construção das casas do Programa “Minha Casa, Minha Vida” – Residencial Pinheirinho dos Palmares.
O Pinheirinho ocupou as manchetes de todo o País em janeiro de 2012, quando uma violenta ação da polícia paulista desalojou as 1800 famílias que viviam em um terreno pertencente à massa falida do megaespeculador Naji Nahas, em São José dos Campos (SP). A truculência da reintegração de posse levou policiais armados com cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha e cães à comunidade de trabalhadores pobres que ainda dormia quando a invasão teve início. Da violenta intervenção policial, chancela pela justiça paulista, resultaram centenas de feridos e as mortes de Ivo Teles da Silva, 69 anos, e de Antonio Dutra, 70 anos, ambos moradores do local.
“Tanta violência contra 1.800 famílias para entregar um terreno ao mega especulador Naji Nahras”, lamentou Suplicy, em discurso ao plenário nesta terça-feira (25). Ele lembra que a “propriedade” do terreno foi fruto de grilagem e que os “donos” nunca recolheram impostos, devendo milhões aos cofres públicos. “Um terreno que estava há mais de trinta anos sem produzir absolutamente nada, sem cumprir qualquer função social”.
Emocionado, Suplicy registrou que a nova comunidade Pinheirinho dos Palmares—uma alusão à resistência do quilombo liderado por Zumbi, no Século 17—deixa para trás a destruição de um bairro inteiro em nome da especulação. Foram abaixo casas de alvenaria, ruas traçadas com praças e avenidas, seis igrejas evangélicas e uma grande igreja católica “que tinha o sugestivo nome de Santa Madre Tereza de Calcutá”. Mas a violência daquele janeiro “agora é um passado que não será esquecido, para que nunca mais aconteça”.
O senador petista foi figura central no apoio aos moradores do Pinheirinho. Antes da intervenção policial, ele foi incansável nas tentativas de estabelecer uma interlocução entre o governo do estado de São Paulo, a justiça e os representantes legais de Naji Nahas. Mas nem o acordo costurado por Suplicy nem uma decisão da Justiça Federal, favorável aos moradores, conteve a sanha da polícia. O senador também esteve presente durante a intervenção policial, ao lado da comunidade e posteriormente, como a principal voz a denunciar as atrocidades cometidas contra a população do local.
O senador continuou apoiando os moradores—muitos recolhidos a abrigos improvisados, após perderem suas casas—na busca de uma solução definitiva para sua demanda por moradia., Foi a partir da posse do prefeito petista de São José dos Campos, Carlinhos Almeida, em janeiro de 2013, que o governo federal conseguiu estabelecer um trabalho conjunto com o município para resolver a questão.
“Para nossa alegria, no final de julho de 2013 encontramos um projeto que estava em andamento que se apresentava como a solução ideal”, narrou o senador. Em uma área de aproximadamente 645 mil metros quadrados será implementado o loteamento de casas populares, especialmente desenhado de acordo com as reivindicações da comunidade. Serão 1700 casas, em lotes terão 8x20metros , em ruas largas, com ciclovias, áreas de lazer e espaço para equipamentos comunitários.
“O pesadelo acaba agora, com a parceria entre movimento social, governo federal, governo estadual e prefeitura de São José dos Campos”, celebrou Suplicy. “Vamos continuar acompanhando o estabelecimento do novo bairro, o Residencial Pinheirinho dos Palmares, para que tudo siga a bom termo e se consolide o exemplo de que a união de forças entre os governos federal, estadual, municipal e os movimentos sociais realiza, em boas condições, os anseios de justiça social e de melhor distribuição das riquezas”.
Cyntia Campos