Suplicy ressalta escolha de mulheres para Nobel da Paz

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente Senador Anibal Diniz, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, talvez tenha passado desapercebido – certamente não para a Senadora Ana Amélia –, mas um fato muito importante aconteceu nesses dias: foram agraciadas com o Prêmio Nobel da Paz de 2011 nada menos de três mulheres ativistas, pacifistas e contra os governos ditatoriais. Uma delas é Tawakkul Karman, que foi chamada a “Mãe da Primavera Árabe”, do lêmen. Ela tem só 31 anos, é jornalista e ativista pela paz, atuando contra a ditadura no lêmen.
É interessante que, de um lado, na Suécia, premiou-se um autor, como Prêmio Nobel de Literatura, com mais de 80 anos,

Mas o prêmio Nobel da paz foi dado a uma mulher de 31 anos, também foram agraciadas Ellen Jonson Slirleaf, Presidente da Libéria, grande ativista da pobreza, eleita em 2005, e candidata mais quotada para o segundo mandato, além dela outra mulher também foi agraciada, Leymah Gbowee, ativista pela democracia e companheira de Ellen pelas suas lutas.
A olhos desavisados, isso não parece nada, mas eleger três mulheres, duas das quais negras para o prêmio Nobel da Paz, este ano, quer dizer muita coisa. Em primeiro lugar, o reconhecimento da mulher como sujeito da História e a sua importância nas nações mais pobres, muitas delas ainda vivendo ditaduras cruéis e riquíssimas, tomando o dinheiro do Estado, quase todo para si e deixando as grandes massas em estado miserável.
Está acontecendo uma grande revolução humana neste ano de 2011, nessas nações, devido ao tipo de tecnologia que caracteriza o nosso tempo. O século XXI não começou no ano de 2001, com a derrubada das Torres Gêmeas, mas, em 2011 com o desejo de justiça, igualdade, fraternidade e solidariedade que desde a Revolução Francesa não tinha ainda penetrado na grande maioria dos povos. E isto aconteceu por causa das novas tecnologias pós-industriais, inclusive graças a Steve Jobs, que atuam à velocidade da luz, como a internet e o facebook que são capazes de juntarem em um único dia milhares de pessoas de todas as classes sociais, que se unem contra a opressão de que são vítimas. E principalmente, porque essas tecnologias não são caras.
A informação não é como a mercadoria que se possa comprar e vender, mas um bem intangível que circula gratuitamente e instantaneamente pelo mundo inteiro. A informação só pode crescer na medida em que for compartilhada, como fogo que só tem vida como e quando comunicado.
Estamos vivendo o tempo da libertação. Esta libertação não vai só dos países africanos e do Oriente Médio, mas está passando pela Europa inteira e invadindo aos Estados Unidos. Soubemos hoje, por um amigo americano, que a ira contra o Wall Street, chamada “99 contra 1” porque é feita por 99% da população despossuída e que mantém em seu poder apenas 1% da riqueza nacional, contra o 1% do mercado financeiro e de grandes corporações que mantém 99% da riqueza do país, está levando para a rua, praticamente, multidões na maioria das cidades norte-americanas.
O único lugar do mundo que está a salvo é a América do Sul, que tem como presidentes um índio, um bispo, duas mulheres e um militar dissidente, e que não sofrerá consequências dessa grave crise porque esses governos estão preocupados não em concentrar, mas em redistribuir as rendas com os miseráveis.
E as mulheres são parte essencial dessa revolução, como vimos no começo deste pronunciamento. A mudança tende a crescer exponencialmente. Aparentemente, as classes média e alta acham que elas não sabem o que querem, mas os pobres sabem muito bem e as mulheres também. Todos os pobres não querem mais que justiça e democracia.
Srs. Senadores, a minha homenagem, hoje, é às mulheres. Dialoguei muito com a Srª Rose Marie Muraro, que, inclusive, estimulou-me neste pronunciamento, e eu quero muito agradecer a ela as reflexões.
Muito obrigado.

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