O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento antirretroviral a 97% dos brasileiros diagnosticados com Aids, aponta relatório divulgado nesta segunda-feira (21) pela Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids).
No estudo, a Unaids apontou que o modelo brasileiro de prevenção do HIV e assistência brasileiro é um dos melhores do mundo, sobretudo no tratamento a populações mais vulneráveis.
Para o diretor da Unaids no Brasil, Pedro Chequer, o êxito brasileiro se deve ao fato do Brasil ter encampado o tema da Aids como política de Estado. Como desafio, ele destacou a necessidade de “reduzir as desigualdades regionais no acesso a ações de prevenção, diagnóstico e tratamento”.
O documento analisa dados sobre mortalidade e aporte de recursos para conter o avanço da Aids no mundo e aponta que o Brasil tem investido de forma adequada nos mecanismos de prevenção e tratamento do HIV/Aids.
Durante a divulgação do relatório, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta o desafio de despertar uma nova atitude com relação à doença, principalmente entre os mais jovens.
“Apesar de as pesquisas indicarem que 95% das pessoas têm consciência que a camisinha é a melhor maneira de se prevenir da Aids e de outras DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), temos de estimular a população a colocar esse cuidado em prática”, destacou.
A Pesquisa de Comportamento, Atitudes e Práticas Relacionadas às DST e Aids (PCAP 2008) apontou que, entre os jovens de 15 a 24 anos, o uso da camisinha cai de 61% na primeira relação para 50% nas relações sexuais com parceiros casuais.
Na América Latina, desde 2001, estima-se que haja 100 mil novas infecções por HIV ao ano, mas a epidemia está estabilizada, com prevalência de 0.4. O relatório também apontou que os óbitos relacionados à aids estão em declínio, por conta do acesso cada vez maior à terapia antirretroviral.
Há 1,5 milhão de pessoas vivendo com HIV no continente latino-americano enquanto em 2001 o número era de 1,3 milhão. O aumento, no entanto, de acordo com o diretor da Unaids, deve-se basicamente à eficiência do diagnóstico precoce.
No caso brasileiro, o diagnóstico precoce por meio da estratégia Fique Sabendo, do Ministério da Saúde, é uma ferramenta importante para, a partir da descoberta da doença, iniciar o tratamento adequado imediatamente.
O teste rápido do Fique Sabendo pode ser feito nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Antes e depois do exame, a pessoa passa por orientação, com o objetivo de facilitar a interpretação do resultado. O teste deve ser feito no mínimo 30 dias após a situação de risco. Se o resultado for positivo, a pessoa pode fazer acompanhamento nos serviços de saúde e começar o tratamento no momento mais adequado. Esse cuidado se reflete na qualidade de vida de quem vive com HIV/aids.
A recomendação vale para relação sexual desprotegida (inclusive sexo oral) e uso de seringas ou agulhas compartilhadas. As mulheres que desejam engravidar são aconselhadas a conhecer sua condição sorológica. A medida pode evitar a transmissão vertical do HIV e das hepatites (de mãe para filho). Mulheres com resultado positivo que iniciam o tratamento o quanto antes têm menos chances de passar as doenças para o bebê.
Ministério da Saúde