Telmário Mota espera que Senado resgate “juízo público” e barre o golpe

Telmário Mota espera que Senado resgate “juízo público” e barre o golpe

Enquanto o golpe parlamentar se põe em marcha, com o processo de impeachment da presidenta Dilma, o senador Telmário Mota (PDT-RR) manifesta esperança de que o Senado “resgate o juízo público” e poupe essa geração de entrar para a história com a marca golpista. Na próxima segunda-feira, a casa começa a analisar a proposta, depois de passar pela Câmara dos Deputados no último domingo.

Em artigo publicado pelo site Brasil 247, Telmário lamenta o espetáculo protagonizado pelos deputados—que “mergulharam fundo, e com gosto, no ridículo da mazela humana” — e reafirma a inocência da presidenta Dilma, que não é acusada de qualquer crime.

Veja a íntegra do artigo do senador Telmário Mota:

A sabedoria subiu no muro

Nem o Sim, nem o Não. A grande derrota no dia de domingo foi a da esperança do povo brasileiro em seus representantes na Câmara Federal, isso sem dizer do espancamento público aplicado na democracia e no voto. Suas excelências deram razão às palavras de Napoleão Bonaparte: “Há apenas um degrau entre o sublime e o ridículo”.

Pois no domingo passado, deputados e deputadas mergulharam fundo, e com gosto, no ridículo da mazela humana. Como se estivessem em um programa dominical de variedades, alternaram-se, um a um, com poucas exceções, na disputa pela justificativa mais imbecil para a infâmia da derrubada de uma presidenta, sobre a qual não paira qualquer acusação pessoal livre de apelo político. Animando o auditório, Eduardo Cunha, o mentor da crise. Nunca mais, quem quer que seja na nação brasileira, poderá falar da qualidade do auditório de Silvio Santos.

Fato é que o constituinte de 88, ao copiar da Carta de 45 o instituto do impeachment, não levou em conta que a nova República teria que funcionar com um modelo partidário fragmentado, sem que a legenda do presidente eleito tivesse maioria para governar, e para o defender. No sistema, sem o apoio do Congresso, não se governa e nem se sustém. Isso foi como mover o canhão do golpe, que já houvera estado na rua, para colocá-lo dentro da própria Constituição. Como é hoje, o impeachment é lustroso canhão engatilhado e apontado para a cadeira presidencial, para o caso de a pseudobase de apoio resolver detonar o chefe do Executivo.

 

Eis a razão pela qual afirmo que transcorre hoje no Brasil um golpe branco, um golpe constitucional. Vejamos agora se o Senado resgata o juízo público e nos poupa de entrar para a história como uma geração golpista. De fato, no domingo, a sabedoria subiu no muro.

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