Gleisi: Enquanto Dilma propôs a redução de seu salário e dos ministros, em 10%; Temer, em busca de apoio no Congresso, oferece aumentos a parlamentaresA senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) questionou, nesta segunda-feira (6), o governo provisório, interino e ilegítimo de Michel Temer que, ao invés de promover o corte de gastos, como os demais golpistas propugnavam, agora propõe exatamente o oposto e ainda sinaliza aumentos para categorias na intenção de comprar apoios. As duas únicas vitórias computadas de sua curta gestão, atrapalhada, aliás, foi ampliar a meta fiscal de R$ 96,8 bilhões em déficit para R$ 170 bilhões. Só o aumento para o Judiciário o aumento de gasto público será de R$ 58 bilhões – o equivalente aos gastos de dois anos do programa Bolsa Família.
Gleisi lembrou que Dilma foi afastada por até 180 dias sob a alegação de não colocar em prática as normas orçamentárias previstas na Lei Orçamentária para 2015, cujas contas sequer foram apreciadas pela Corte de Contas, o Tribunal de Contas da União (TCU). No entanto, Temer, ao chegar no Palácio do Planalto, articulou aumentos de gastos públicos que justamente ferem a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Orçamento da União.
“O que fez Michel Temer ao chegar à presidência da República? Liberou geral. Mandou para cá reajustes para todos os setores do funcionalismo, principalmente para a elite dos servidores públicos, e isso vai ter impacto perverso nas contas públicas”, alertou Gleisi.
Segundo ela, o governo interino promove aumento de salários do Poder Judiciário enquanto tenta cortar recursos dos programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. Michel Temer seria um Robin Hood ao avesso, tirando dos pobres para dar aos ricos.
Outro problema do reajuste salarial promovido pelo interino é que aumenta, também, os tetos salariais do ministro do Supremo Tribunal Federal, de R$ 33.763,00 para R$ 39.293,38. Essa mudança gera uma correção em cascata e quase automática de diversos outros setores, como órgãos do Judiciário (Supremo Tribunal de Justiça e varas federais, por exemplo).
Além disso, o aumento do teto no STF também possibilita o reajuste dos salários dos parlamentares e, por tabela, os gastos dos gabinetes. Na prática, é uma forma de adquirir apoio nas votações polêmicas. “A Câmara está preparando a proposta de reajuste dos deputados e senadores e nós temos que ser contra. Não podemos admitir”, anunciou a senadora.
Gleisi disse que não critica reajustes salariais, lembrando que Dilma inclusive aprovou aumentos para as categorias do funcionalismo público que mais precisavam. Porém, “em momentos de crise, os maiores salários não precisam ser corrigidos”.
Outro agravante desse aumento do Judiciário, segundo Gleisi, é que o governo interino não mandou para o Congresso uma proposta para reduzir os salários do presidente da República e dos ministros. “A presidenta Dilma quando mandou a negociação [salarial] com algumas categorias [de servidores públicos], mandou no Projeto de Lei a redução do seu salário em 10% e a redução dos salários dos seus ministros. Esse projeto foi simplesmente ignorado”. E isso sumiu do noticiário.
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