É impossível que o Brasil tenha um tipo de crise similar a dos Estados Unidos e alguns países da Europa, informou nesta quarta-feira (14/09) a presidenta Dilma Rousseff, em entrevista coletiva em Brasília (DF). A presidenta atribuiu às reservas internacionais e compulsórias e a importantes medidas políticas de investimento a segurança que o país tem para resistir aos efeitos da crise e antecipou que o Brasil está preparado caso o mundo enfrente situação de escassez de crédito.
A presidenta reiterou a importância do fortalecimento do mercado interno tanto para a resistência à crise quanto para o crescimento do país, e assegurou que medidas de redução de impostos adotadas pelo governo como o programa Brasil Maior, dirigido à indústria, o Reintegra e o SuperSimples vêm nesse sentido.
“É impossível que o Brasil tenha um tipo de crise similar à que está acontecendo nos Estados Unidos e na zona do Euro. Até porque nós temos todos os instrumentos no Brasil para diminuir o impacto da crise sobre nós. Tanto os instrumentos, eu diria, financeiros (…), como os políticos”, afirmou.
A presidenta Dilma conversou por cerca de 25 minutos com a imprensa, após visitar a exposição promovida pelo Ministério da Educação “Gestão de Compras Governamentais – a Experiência da Educação”, no Hotel Royal Tulip, em Brasília. Confira abaixo alguns trechos da entrevista.
Compra governamental
“A compra governamental é um instrumento poderoso para a gente garantir duas coisas: o desenvolvimento da indústria e preços mais baixos (…). É muito importante o que estamos fazendo aqui. Nós estamos mostrando que é possível diminuir o preço.”
Crise financeira internacional
“O grande problema é político. É como é que se pretende resolver a crise fiscal decorrente do fato de que os governos foram obrigados a salvar os bancos quando ocorreu, em 2008, a quebra do Lehman Brothers, e houve uma contaminação, por causa da bolha, também, de todo o sistema financeiro internacional. Os governos transformaram as dívidas privadas dos bancos em endividamento público, porque usaram o orçamento público para permitir a reciclagem dessa dívida (…). Agora há uma objeção política, dentro dos Estados Unidos, por exemplo, para maior gasto fiscal, quando na verdade se sabe que os Estados Unidos precisam de uma iniciativa fiscal e não apenas monetária (…) Eu não acho que o problema é falta de dinheiro, o problema é falta de decisão política para investir.”
Royalties do pré-sal
“É necessário acordo no Brasil sobre a questão dos royalties. Acho que nós temos dois limites: de um lado, temos que respeitar contratos existentes (…), aumentar isso não é uma questão que está em nossa mão. Agora, é possível repartir, tem que repartir sem criar consequências graves para ninguém (…). Nós temos uma forma que pode possibilitar que a repartição se dê sem que ninguém perca e as pessoas que não ganhavam ganhem. As pessoas, que eu falo, os governos, que não ganhavam ganhem.”
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