José Roberto de Toledo, o melhor analista de pesquisas da grande mídia, logo será chamado a analisar a devastação das últimas moitas de aceitação de Michel Temer como governante. Mas, antes disso, publica hoje, no Estadão, artigo onde dá forma ao que é uma sensação geral: as “reformas” temeristas não têm como prosseguir no Congresso.
Com ele ou sem ele.
Separei um trecho absolutamente claro:
Antes de os comuns mortais descobrirem que Joesley não é um erro ortográfico, aprovar as reformas de Temer no Congresso já havia custado aos cofres públicos entre R$ 60 e R$ 160 bilhões, dependendo de quem faz e como faz o levantamento. Esse dinheiro foi gasto em isenções, perdões, inclusões e refinanciamentos para os lobbies dos grupos de pressão – aqueles que gritam mais alto, ou que sussurram as palavras certas às pessoas que mandam.
Quanto vai custar agora, depois de as gravações e malas de dinheiro inundarem o noticiário e as timelines? Mais importante: quem vai pagar a fatura? Se as reformas já eram impopulares antes do escândalo, tentar colocá-las em votação nessa conjuntura custará muito mais caro, pois o risco de se alinhar ao governo para aprová-las estará multiplicado muitas vezes.
Além do preço tem o prazo. Nem nos mais molhados sonhos dos líderes governistas se vislumbra uma retomada imediata das votações das reformas. Quanto mais demorarem, mais improváveis.
Seja qual for o desdobramento – e a velocidade – do estertor do atual ocupante do Planalto, a pauta do “mercado” ficou inapelavelmente marcada com o “estigma Temer”. É impossível que qualquer solução não-eleitoral dê a um governante provisório capacidade de levá-las adiante.
Qualquer que seja ele, não pode se apresentar megalômano como se apresento o “ponte para o futuro”. Só será capaz de manter-se se proclamar que sua missão é a normalização da política e a preparação do processo eleitoral. A legitimidade que puder alcançar dependerá, exclusivamente, de proclamar-se transitório e comprometido com a convocação de eleições diretas.