Reforma no campo

Tucano propõe pagar trabalhador rural com comida

Projeto de tucano, que tem apoio do governo, permite que empresas paguem funcionários mediante remuneração de “qualquer espécie”
Tucano propõe pagar trabalhador rural com comida

Foto: Divulgação

Uma proposta apresentada pelo presidente da bancada ruralista na Câmara, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), pode legalizar situação análoga a de escravo para trabalhadoras e trabalhadores do campo no Brasil. O texto permite que as empresas não paguem seus empregad@s apenas com salário, mas também por meio de “remuneração de qualquer espécie”, como oferta de moradia e alimentação.

A precarização não para por aí. A proposta ainda permite o aumento da jornada de trabalho para até 12 horas por “motivo de força maior”. Além disso, permite a substituição do repouso semanal d@s empregad@s por um período contínuo, com até 18 dias seguidos, e autoriza a venda integral das férias d@s contratad@s.

E olha que esses absurdos poderiam ter entrado no relatório da reforma trabalhista. Mas, de acordo com o jornal Valor Econômico, houve um acordo entre a bancada ruralista e o governo para as propostas serem incluídas em outro projeto. Ou seja: jogo combinado.

“Isso é gravíssimo! Vamos legalizar o trabalho escravo? Pagar com moradia e habitação o trabalhador rural?”, questionou a líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), nas redes sociais.

O projeto ainda revoga a norma do Ministério do Trabalho sobre as regras de segurança e saúde no campo (NR-31). Uma das obrigatoriedades que acaba é a da empresa manter equipamentos de primeiros socorros no local.

Representantes dos trabalhadores rurais criticam duramente a matéria. Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), Antônio Lucas, esse é pior projeto já apresentado no Congresso Nacional nos últimos 20 anos.

“Esse projeto tira até mesmo as condições do fiscalizar. Pelas normas previstas, o servidor público não pode chegar na propriedade e fiscalizar. Primeiro, ele faz uma recomendação, volta e, só então, poderá fazer autuação. Isso é um absurdo. Muitas vezes, o fiscal só consegue voltar à propriedade após um ano”, explicou Antônio Lucas.

A proposta tucana ainda tira dos ministérios do Trabalho e da Saúde de definirem as regras sobre agrotóxicos, deixando essa tarefa exclusivamente para a Pasta da Agricultura. Além disso, ainda inclui questões já previstas na reforma trabalhista, como o acordo entre patrão e empregado acima da CLT e a possibilidade de pagamento por horas de trabalho.

Pelas redes sociais, senadores do PT se manifestaram sobre a questão. Confira:

 

Gleisi Hoffmann (PR):

Regina Sousa (PI):

Lindbergh Farias (RJ):

Paulo Rocha PA):

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