Gleisi: será essa a melhor solução para termos um sistema eficiente, integrado para toda a região metropolitana e capaz de atender com dignidade a nossa população?Parece que causou surpresa a manifestação que fiz no Facebook de que Curitiba deveria rediscutir o projeto de Metrô, considerando todo o sistema de transporte público da nossa Capital e da região metropolitana.
Na condição de senadora pelo Paraná, não é minha atribuição resolver os problemas da cidade. Mas pela mesma condição de senadora, tenho o dever de contribuir para que sejam solucionados. Como aliada do prefeito Gustavo Fruet, quero ajudar, mas não vejo como aumentar ainda mais os recursos para o metrô, como ele está pedindo.
Foi por isso que sugeri ao prefeito que refaça o debate com a Capital e com as autoridades das cidades vizinhas e também com o governo do Estado: será que a prioridade é mesmo o Metrô? Vamos investir quase seis bilhões de reais durante vários anos (obra de Metrô é demorada mesmo), enquanto o sistema tradicional de transporte de Curitiba e região se desmancha e atende de maneira cada vez mais precária as pessoas que precisam se deslocar diariamente?
Essa discussão vem de longe. Lembro-me que há mais de cinco anos o então prefeito Beto Richa relançou a ideia do metrô e solicitou apoio federal.
Mesmo não sendo aliada de Beto Richa e seu partido, não hesitei em apoiar a iniciativa. Ajudei a convencer o governo federal e a presidenta Dilma anunciou aporte de um bilhão de reais do orçamento federal, mais financiamento subsidiado do BNDES.
Eleito prefeito com nosso apoio, Gustavo Fruet reestudou o projeto e pediu mais recursos. Apoiei e a presidenta Dilma veio novamente anunciar R$ 1,8 bi do orçamento, mais financiamento. Com isso, o governo federal se dispôs a bancar a maior parte dos custos da obra.
Agora, o prefeito Gustavo Fruet anuncia que está pedindo ao governo federal que amplie em mais R$ 463 milhões os recursos orçamentários para o Metrô.
Mantenho meu interesse pelo assunto e a disposição de ajudar a viabilizar as soluções para o nosso transporte público de massa. Mas estou sinceramente perguntando: será essa a melhor solução para termos um sistema eficiente, integrado para toda a região metropolitana e capaz de atender com dignidade a nossa população?
O sistema integrado de ônibus, que fez fama internacional para Curitiba, está se desmanchando. Atitudes demagógicas de Beto Richa, que usou a tarifa para se eleger e para se reeleger, parecem ser a principal razão para o desequilíbrio financeiro do sistema.
Em 2012, reconhecendo o problema, o já governador, na tentativa de reeleger seu candidato à prefeitura, ofereceu subsídio financeiro do Estado para reequilibrar as contas do sistema integrado. E depois da eleição mudou o discurso, dizendo não ser correto que o Estado se responsabilize por despesas dos municípios.
O resultado foi o rompimento da integração, com tarifas muito mais altas para os usuários das cidades vizinhas. E vemos notícias com cenas de pessoas, principalmente mulheres, em situação vexatória de se disporem a pular as catracas em terminais, por não terem como pagar passagens tão caras.
Depois de escrever no Facebook, li que o ex-prefeito Jaime Lerner tem propostas alternativas, mais adequadas e mais baratas do que fazer o Metrô. Se elas existem, tem de ser apresentadas rapidamente, pois podem ser a alternativa para rediscutirmos com o governo federal. Como senadora, vou trabalhar para que as opções melhores de transporte público para Curitiba e para a Região Metropolitana se concretizem com apoio federal, buscando novamente a integração com a Região Metropolitana.
* Artigo originalmente publicado no Blog do Esmael nesta segunda-feira (13)